Luta na Unicervi
pode ir até dia 27


Os 230 trabalhadores da distribuidora da cerveja Sagres no distrito de Setúbal continuam a série de greves parciais, pela segunda semana consecutiva, concentrando-se junto aos portões da empresa, em Palmela e Grândola.

Caso o conselho de gerência persista em não comparecer nas reuniões de conciliação para discutir a actualização salarial, os trabalhadores deverão prolongar as greves parciais até 27 de Março, conforme a intenção manifestada num plenário que teve lugar na madrugada de segunda-feira.
Segundo o Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços do Sul, o conselho de gerência da Unicervi «recusa-se a negociar qualquer actualização de salários em 1998 e acabou por recusar-se a participar em reunião no Ministério do Trabalho, em data por si proposta».
O CESSul, nas notas que divulgou à imprensa, contesta a alegação de dificuldades financeiras por parte da gerência e afirma que, em 1997, foram gastas «dezenas de milhares de contos em trabalho suplementar, realizado por deficiente organização e gestão». O sindicato afirma que parte destes custos foram contabilizados como pagamentos de prémios ou ajudas de custo, salientando que um melhor funcionamento disponibilizaria meios financeiros suficientes para pagar «durante vários anos» os aumentos salariais reclamados.
Tem sido denunciado o facto de alguns carros pesados, «conduzidos pelos poucos fura-greves», fazerem as ligações a Vialonga e ao Luso e a grandes superfícies do distrito de Setúbal «em contravenção das normas de segurança, sem tacómetros, com excesso de carga» e «estranhamente, sem serem controlados pela Brigada de Trânsito da GNR».
A paralisação abrange o período das 8 às 11 horas e as duas últimas horas do turno da tarde.

Brisa

A Federação Portuguesa dos Sindicatos do Comércio, Escritórios e Serviços pediu na semana passada a passagem à fase de conciliação do Ministério do Trabalho, para tentar desbloquear as negociações salariais na Brisa.
Num comunicado que distribuiu à imprensa no dia 12, a Fepces/CGTP acusa a administração da Brisa de recusar ir além de uma média de cem escudos por dia nos aumentos salariais. A federação aponta outras graves razões para esta atitude, realçando que «os trabalhadores são penalizados se lhes morre mais que um familiar num ano, se gozarem as férias a que têm direito por casamento, se tiverem no ano mais que duas consultas médicas e se forem requisitados para a função sindical», devido a conceitos e cláusulas relativas à assiduidade e avaliação de desempenho que, com o aval das estruturas da UGT, a administração pretende incluir no Acordo de Empresa.
A Brisa, recorda a Fepces, «no passado, não admitia no seu quadro de efectivos mulheres portageiras» e ainda há hoje edifícios de apoio às barreiras de portagem onde não existem casas de banho e vestiários para ambos os sexos. «Mais recentemente, proibia a entrada ao serviço a todas aquelas que se apresentassem vestidas com calças», acrescenta o comunicado.
Estes problemas foram resolvidos, tal como o acesso das mulheres a cargos de chefia (a Fepces diz mesmo aguardar as primeiras promoções para felicitar as trabalhadoras).

Auto Sueco

O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços do Norte acusou na semana passada a Auto Sueco de não respeitar o direito ao trabalho ao convidar alguns trabalhadores a rescindirem os contratos.
«Nos últimos dias, os trabalhadores, nomeadamente do sector administrativo, têm sido chamados a um advogado, que os convida a rescindir o contrato em nome de uma qualquer restruturação», refere um comunicado do CESNorte, citado pela Lusa.
Para o sindicato, a atitude da empresa é «ilegal», «prepotente» e «contrária às regras mais elementares do direito ao trabalho», estando a ser feita uma «coacção individual». A Auto Sueco é uma empresa «economicamente saudável, que apresentou milhares de contos de lucros em 1997», salienta o sindicato, adiantando que a situação voltará a ser analisada em plenário marcado para hoje e durante a qual os trabalhadores poderão adoptar uma «resposta adequada» à ofensiva da administração.


«Avante!» Nº 1268 - 19.Março.98