CT da
Telecom
contra negócio dos carros
Os veículos de
distribuição pessoal, atribuídos a chefias da Portugal
Telecom, estão a proporcionar «um negócio da China» que
contraria as intenções de rigor declaradas pelas últimas
administrações.
Numa nota informativa distribuída na semana
passada, a Comissão de Trabalhadores da PT explica o caso que
apresentou à administração e sobre o qual esta ainda não
prestou os prometidos esclarecimentos.
Os carros distribuídos às
chefias da empresa são adquiridos em leasing e, ao fim de
cerca de 3 anos, é proposta a sua aquisição pelo valor
residual do contrato (entre 300 e 400 contos). O responsável a
quem está atribuída a viatura tem possibilidade de a adquirir
por esse preço simbólico, inferior ao valor real, pelo que só
precisa encontrar um comprador para conseguir arrecadar
«centenas de contos de receita extra, sem pagar qualquer
imposto», pois alguns carros até são de gamas bastante caras.
A CT, com indignação, denuncia outra prática que surgiu: «Um
mês ou dois antes dos 3 anos, houve chefes que resolveram mandar
fazer revisão geral - pintura nova, pneus novos e tudo o mais
que pudesse elevar o valor da viatura, através dos serviços
responsáveis, ou seja, pago pela PT». Diz a CT que «houve
casos em que o negócio se realizou para o cliente do chefe antes
da chegada da nova viatura» e, «como o chefe não podia ficar
sem carro, a PT alugou provisoriamente um outro, até à chegada
do novo».
Perguntando «onde está o tão apregoado rigor» e protestando
contra o «silêncio cúmplice» da administração, a Comissão
de Trabalhadores sugere que os veículos de distribuição
pessoal, findo o leasing, sejam colocados em leilão
perante todos os trabalhadores, revertendo para o fundo de
pensões ou para obras sociais da empresa a diferença entre o
valor residual e o melhor preço oferecido.
Num comunicado posterior, a CT insurge-se contra os
«comissários políticos» que não actuam com o objectivo de
«defender a PT e melhorar a sua imagem». É especialmente
visado um administrador que, numa reunião de chefias, procurou
«denegrir a imagem da CT, conotando-a com os grupos
contestatários, com os partidos políticos e com os interesses
da concorrência», declarações que «ilustram bem a
imaturidade para o cargo que exerce nesta grande casa».