Na Galiza
ganha-se três vezes mais


Os trabalhadores do Norte de Portugal auferem, em média, 37 por cento dos salários praticados na Galiza, revela um estudo realizado em Espanha e divulgado na semana passada pela União de Sindicatos do Porto.

De acordo com a Análise Comparada das Realidades Económico-Laborais da Galiza e Norte de Portugal, estudo realizado por sindicatos galegos com base em dados estatísticos de 1995, a disparidade entre as duas regiões é mais acentuada em sectores como o comércio, hotelaria e restauração (no Norte de Portugal ganha-se 27 por cento do salário na Galiza), outros serviços destinados a venda (29 por cento) e material de transporte (30 por cento).

Os salários aproximam-se mais nos sectores dos serviços das instituições de crédito e seguros (53 por cento), administração geral (49 por cento) e produtos metálicos (48 por cento).

A USP/CGTP, num comunicado citado pela Lusa, considera gritantes as diferenças entre as duas regiões vizinhas e sublinha que os vencimentos «não acompanham o aumento do custo de vida, com o salário mínimo a servir, cada vez mais, de referência nos poucos empregos que vão sendo criados».

A USP salienta que os salários em Portugal são os mais baixos da União Europeia, o que se está a traduzir num aumento das desigualdades na distribuição do rendimento: «Dez por cento da população portuguesa concentra quase metade da riqueza (47,5 por cento)» e «29 por cento das famílias são pobres», o que constitui «o maior nível de pobreza da UE».

Reportando a um estudo comparado da Direcção-Geral do Comércio e da Concorrência, a USP realça que, num cabaz de compras com 30 produtos essenciais, os preços em Espanha são 2,6 por cento inferiores aos praticados em Portugal e os salários 2,8 vezes superiores.


«Avante!» Nº 1268 - 19.Março.98