Actividade da «secreta»
Repúdio
pelas opiniões de Pedro Cardoso
O deputado comunista João Amaral voltou a inquirir o primeiro-ministro sobre as razões que determinam que o general Pedro Cardoso, tendo atingido o limite de idade há vários anos, se mantenha no exercício de funções com elevada responsabilidade nos Serviços de Informações. Esta tomada de posição, em requerimento dirigido a António Guterres, surge na sequência de anterior iniciativa da bancada comunista, de natureza idêntica, que acabou por provocar uma reacção do referido general tornada pública em comunicado.
No texto, de acordo com
notícia do "público", Pedro Cardoso diz que os seus
artigos publicados na revista "Nação e Defesa" são
«um exercício meramente académico sobre um modelo abstracto»,
adiantando ainda que «os portugueses podem estar seguros que
todas as actividades do Sistema seguem rigorosamente o que é
definido na Constituição e imposto na lei».
Considerando que estas duas afirmações são "típicas da
arte da contra-informação", João Amaral sustenta que elas
"falham completamente o alvo". Por um lado, explica,
porque tais artigos "são o trabalho de um
especialista", a opinião de quem se notabilizou antes do 25
de Abril por ter sido o autor e dirigente do Serviço de
Centralização e Coordenação de Informações de Angola, que
centralizava informações vindas designadamente da PIDE/DGS.
A opinião ainda de quem depois do 25 de Abril, acrescenta João
Amaral, chefiou o grupo de trabalho encarregue de realizar um
projecto de serviços de informações, que, do mesmo que chegou
a ver a luz do dia, suscitou de imediato a viva repulsa de muitos
democratas, incluindo de dirigentes do PS, dado o "carácter
antidemocrático de que se revestia e os perigos que continha
para os direitos fundamentais dos cidadãos".
Quanto à «legalidade» das actuações do SIS invocada por
Pedro Cardoso, não é essa manifestamente a opinião de João
Amaral, que considera mesmo a afirmação de
"espantosa", uma vez que, recorda, é feita por quem
exercia as mesmas funções nos tempos dos governos PSD,
"quando o SIS se infiltrou no movimento estudantil, vigiou
um tribunal na Madeira, perseguir organizações sindicais e de
agricultores e põs sob vigilância dirigentes políticos".