Dia da
Mulher
comemorado em todo o país
Múltiplas foram as iniciativas promovidas por todo o país no 8 de Março, envolvendo nomeadamente debates e festas. Largas centenas de mulheres participaram em acções como o desfile que culminou na Ribeira do Porto, o almoço no Pavilhão dos Desportos, em Lisboa, o encontro em Évora, com debate sobre os problemas do emprego, o espectáculo em Faro, onde é aprovado um conjunto de reivindicações, o almoço-convívio na Marinha Grande, ou a iniciativa da Organização das Mulheres Comunistas, Parlamento sobre a Mulher, na Madeira.
Nestas diversas formas de
comemorar o dia da mulher ressalta o debate e aprovação de um
conjunto de reivindicações, em grande medida coincidentes, e
que no fundo reflectem os problemas do quotidiano e as mais
prementes exigências na necessária resposta a tais problemas.
Direito ao trabalho com direitos, especial protecção da
maternidade e paternidade, redução do horário de trabalho e
criação de infra-estruturas sociais de apoio à família e à
criança, diminuição da idade da reforma, prevenção de todas
as formas de violência, uma educação para a igualdade,
incentivo à plena participação da mulher em todas as esferas
de decisão, generalização do planeamento familiar e educação
sexual - são algumas das reivindicações amplamente
partilhadas.
A exigência do retomar do processo legislativo de
discriminalização da IVG, foi uma questão particularmente
sublinhada.
No debate, em Montemor-o-Novo, sobre a mulher e o trabalho, de
par do fim das discriminações, colocaram-se exigências como
formação profissional, redução do tempo de trabalho, partilha
de responsabilidades familiares.
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8 de Março no Parlamento
Dar voz às
mulheres
8 de Março, Dia Internacional da Mulher. Do seu sentido libertador e do significado que adquiriu na luta das mulheres pela igualdade voltou a falar-se no Parlamento.
Pela voz da deputada
comunista Odete Santos, recusando cumprir a formalidade de um
mero ritual, foi sobretudo o pretexto para levar à Câmara a voz
das mulheres anónimas que constroem a "força da
intervenção política no feminino".
Num tempo em que o "avanço da luta convive com um
neoliberalismo que quer construir os alicerces sobre o triunfo
das desigualdades", segundo as suas palavras, foi sobre
estas, em primeiro lugar, que Odete Santos centrou a sua
atenção.
Desigualdades que se perpetuam e têm a sua génese em
"violências de várias ordem", lembrou, citando, por
exemplo, a que nasce da exclusão da mulher no mundo do trabalho,
mas também a desigualdade patente no número de famílias pobres
em que a "face visível é a da mulher".
Desigualdade que tem expressão, igualmente, nas questões do
desemprego ou da precariedade do trabalho, nas ameaças à
estabilidade de emprego, ou ainda na falta de alternativas
profissionais paea as jovens mulheres, nomeadamente para as
licenciadas.
De todas estas situações falou Odete Santos, ilustrando-as com
testemunhos concretos. De exemplos se socorreu também para
falar, noutro plano, de conquistas. Pequenas e grandes vitórias,
todas elas, só possíveis, por força da vontade combativa, do
empenho na vida política, social e sindical de muitas mulheres.
Como por exemplo a lei da protecção das mulheres contra os
crimes violentos, um diploma da iniciativa do PCP, aprovado em
1991, que, no entanto, lamentavelmente, ainda aguarda por
regulamentação, como aliás sucede com a Lei que reforça os
direitos das associações de mulheres.
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Na Madeira
Um «pacote»
de medidas
pelos direitos da mulher
Em documento em que são abordadas alguns dos problemas que afectam particularmente a mulher, a CDU/Madeira define um conjunto de medidas e iniciativas nas áreas de sexualidade e planeamento familiar, violência, educação e trabalho.
No quadro do planeamento
familiar, a CDU sublinha a necessidade de "reforçar a
vertente do trabalho de campo e procurar chegar aos verdadeiros
necessitados de apoio e aconselhamento" e de tratar a
contracepção na adolescência como uma prioridade. Em termos
concretos propõe-se: a criação de Centros de Atendimento de
Jovens; a implantação, em todos os Centros de Saúde, de consultas
de Planeamento Familiar; a criação de unidades móveis "que
se desloquem aos lugares sociais prioritários, com
possibilidades de apoio técnico especializado na área
materno-infantil"; assegurar uma ampla informação
sobre os direitos das mulheres grávidas, através dos meios de
comunicação social do sector público; garantir a educação
sexual dos jovens, defendendo-se nomeadamente a criação da
disciplina de educação sexual nas escolas; criação de uma
linha de atendimento telefónico de educação sexual;
desenvolver um programa de prevenção dos abusos sexuais de
menores e resposta social aos abusos.
Medidas que garantam "uma pronta protecção à mulher
vítima de crimes de violência", é outra das
preocupações da CDU/Madeira que propõe a criação de um Centro
de apoio, atendimento, abrigo e encaminhamento das mulheres
agredidas; um Gabinete SOS, para atendimento telefónico
às mulheres vítimas de violência e ainda a instituição de
secções para atendimento às mulheres vítimas de crimes, com
pessoal feminino da PSP.
Na área da educação, a prioridade da CDU vai para a
educação pré-escolar, sublinhando-se ainda a necessidade de
"compatibilizar, durante todo o ano, os horários e o
funcionamento das creches e jardins de infância com os horários
de trabalho da mulher e das famílias".
A existência de "grandes situações de desrespeito pelos
fundamentais direitos da mulher nas áreas laborais, é
denunciada no documento da CDU, cujo grupo parlamentar deverá
propor a realização, em Maio, de um encontro sobre "As
novas organizações familiares e a conciliação entre a vida
profissional e a família".