Reuniu Conselho Regional do PCP/Açores
PS não assume a mudança


«A vida política açoriana vive um momento que se pode transformar num perigoso impasse desmotivador e eventualmente gerador de tentativas de regresso ao poder daqueles que foram derrotados em 1996», concluiu o Conselho Regional do Açores do PCP que reuniu no passado fim-de-semana.

Para além da situação política regional, durante os trabalhos, em que participou Rosa rabiais, membro do Secretariado do secretariado do CC do PCP, foram debatidas as medidas e orientações no sentido de dar um novo impulso na organização, intervenção e afirmação política do partido na região.
A este propósito, os comunistas consideram que «a única forma de se evitar uma prática governativa conservadora e de direita do PS reside na possibilidade de serem aprofundadas as lutas e influÊncia dos trabalhadores e das populações e de ser valorizado e mais fortemente apoiada a alternativa de esquerda defendida pelo PCP e pela CDU».

A necessidade de imprimir um «novo impulso na organização, intervenção e afirmação do PCP» levou o Conselho Regional a aprovar um conjunto de medidas dirigidas à DORAA, às comissões de Ilha, aos organismos e militantes do PCP/A e da JCP/A. Este esforço passa designadamente pela realização de assembleias e plenários que «mobilizem a vontade colectiva e que elejam e responsabilizem os dirigentes das estruturas partidárias».
Na vertente interventiva, «todo este trabalho será marcado por uma grande abertura à sociedade e por um grande esforço de mobilização de vontades, abertura e mobilização que já estiverem bem patentes, nalguns concelhos dos Açores nas últimas eleições autárquicas».


Prossegue
política neoliberal

Em conferência de imprensa realizada no domingo, José Decq Mota afirmou que o Governo regional do PCP caracteriza-se «por uma acentuada ausência de dinâmica governativa; uma inaceitável manutenção de alguns estilos do passado; e uma visível falta de vontade para adptar novas políticas em especial de aprofundamento da democracia, de valorização dos trabalhadores e de acentuação da justiça social».
Os comunistas acorianos afirmam que no essencial «a política neo-liberal e conservadora que o PSD aplicou à economia está a ser mantida». Por isso exigem que sejam avançadas propostas concretas que visem a redução dos custos de insularidade, tendo especial importância a questão da redução dos tarifários dos transportes, nomeadamente áreos para o Continente e inter-ilhas».

Sublinham ainda a necessidade de maior «justiça remuneratória relativa»; de se «generalizar por portaria de extensão à região instrumentos de regulamentação de trabalho» inexistentes nos Açores; de se «repensar e intensificar programas de combate do desemprego estrutural»; de se apoiar a formação profissional e de se «intensificar os programas habitacionais dirigidos às famílias desprovidas de recursos».

Em matéria europeia o PCP/A considera que «o actual governo deixou criar uma acentuado vazio no relacionamento com a União Europeia» e espera que a reunião, marcada para hoje quinta-feira, pelo presidente do Governo regional com os líderes dos partidos parlamentares e com deputados europeus seja «utiliazada para se procurar uma base comum de actuação, na região e no Parlamento Europeu, no sentido de se conseguirem medidas permanentes de carácter específico, adequadas à ultraperificidade».

O Conselho Regional concenou ainda a recente fusão da Escola Secundária manuel de Arriaga com a Escola Básica 2 da Horta, afirmando que se trata de uma medida que «contraria totalmente o Programa do Governo que defende a criação de mais escolas com menos alunos». O PCP/A acrescenta que este processo decorreu sem consulta aos órgãos escolares, aos trabalhadores docentes e não docentes e aos alunos, tendo a oposição declarada de ambas as escolas e das respectivas associações de pais.


«Avante!» Nº 1269 - 26.Março.98