Vale a pena insistir na luta
SODIA,
ferroviários e EFFAs
manifestam-se hoje em Lisboa
Em defesa dos postos de trabalho, dos direitos conquistados e de melhores salários, os trabalhadores e as suas estruturas representativas continuam a pressionar as administrações e o Governo. A luta em unidade é o último argumento de quem tem razão contra quem detém o poder.
Quando o pessoal da Carris completa o segundo período de greve desta semana, Lisboa alberga também hoje jornadas de luta da ex-Renault de Setúbal, dos ferroviários e das Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento. Este não é «o dia de todas as lutas», mas nos últimos tempos tornou-se muito difícil descobrir um dia sem qualquer conflito laboral.
Sem respostas
A falta de respostas
concretas por parte do Governo às inquietações dos
trabalhadores da Sodia, cujo encerramento está anunciado
para Julho, ficou mais uma vez patente na reunião que a CT teve
há uma semana com os secretários de Estado das Relações
Laborais e do Emprego.
Na bagagem para a audiência de dia 19, a Comissão de
Trabalhadores da antiga fábrica sadina da Renault levava o
registo das promessas feitas pelo Governo acerca da garantia dos
empregos. A CT perguntou aos secretários de Estado qual é a
solução para evitar o desemprego, que empregos existem noutras
empresas e em que condições serão propostas as admissões dos
despedidos da Sodia. Quis ainda saber que acções de formação
estão previstas e como pensa o Governo resolver o problema dos
trabalhadores de idades mais avançadas.
A reunião, no entanto, «não trouxe nada de novo, até porque
os dois governantes desconheciam a situação actual do dossier
Sodia», disse Carlos Ricardo, da CT, à Agência Lusa.
Esta situação levou a que, no plenário realizado
segunda-feira, os trabalhadores decidissem que os seus
representantes deveriam ir hoje a Lisboa, para se manifestarem
junto ao Conselho de Ministros. Para 3 de Abril vai ser marcada
uma greve, com deslocação ao Ministério da Economia.
Sem diálogo
«O tão propalado diálogo
não tem qualquer efeito prático», conclui a federação dos Ferroviários,
numa resolução aprovada na semana passada pelos seus órgãos
dirigentes. O plenário nacional de sindicatos e o Conselho
Nacional da FSTFP/CGTP entendem que tal ficou demonstrado depois
de o Governo se ter recusado a negociar um protocolo sobre a
garantia dos direitos e dos postos de trabalho dos ferroviários.
A federação, apelando a todos os ferroviários para que
reforcem a unidade na acção em torno dos objectivos comuns,
decidiu levar a cabo acções de esclarecimento e mobilização
nos locais de trabalho.
Para hoje, em Lisboa, foi convocado um plenário de
organizações representativas dos trabalhadores. Ficou também
decidida a realização de uma greve de 24 horas, entretanto
marcada para dia 3 de Abril e que será antecedida de uma série
de reuniões nos locais de trabalho. Ao anunciar o prosseguimento
da luta, o Sindicato dos Ferroviários do Centro nota que a greve
de 9 de Março obrigou as administrações das empresas do grupo
CP a evoluirem nas propostas salariais, o que também sucedeu
depois de receberem o pré-aviso para dia 3. Só que os valores
se mantêm em níveis «claramente insuficientes» e há um
conjunto de reivindicações que não tem resposta.
Sem precedentes
«O Governo e o Chefe de
Estado-Maior do Exército avançaram com uma série de medidas
que, no âmbito da chamada reestruturação dos estabelecimentos
fabris das Forças Armadas, irão a muito breve prazo
conduzir à destruição das Oficinas Gerais de Fardamento e
Equipamento», afirma o STEFFAs. O sindicato referiu anteontem
estudos que «apontam a curto prazo e numa primeira fase para uma
redução de cerca de 500 trabalhadores, num quadro de 633».
Este problema e a resposta dos trabalhadores serão abordados no
plenário marcado para esta tarde, junto às instalações das
OGFE, com a participação de Carvalho da Silva.
Na passada sexta-feira, um plenário de ORTs do sector repudiou a
«forma arrogante, irresponsável e falaciosa» como o
secretário de Estado da Defesa, José Penedos, se apresentou na
reunião de 18 de Março.