EDP insiste na direcção errada


A decisão do Governo, anunciada dia 19, de alienar a privados mais 15,5 por cento do capital social da EDP foi considerada como «mais um passo na direcção errada» pela federação das Indústrias Eléctricas. Em comunicado aos trabalhadores, a FSTIEP/CGTP repara que a decisão foi tomada «duas semanas depois da administração ter declarado publicamente que foram obtidos 93 milhões de contos de lucros em 1997».

Na mesma data, o conselho de administração «afirmou, com grande leviandade, que até ao ano 2000 pretende reduzir em 15 por cento os efectivos do grupo, o que significaria o despedimento de cerca de 2400 trabalhadores nos próximos 20 meses».
A FSTIEP diz que «os resultados da privatização já se fazem sentir no grupo EDP», apontando os mais graves: «são eliminados empregos, são encerrados locais de trabalho, tentam impor transferências a centenas de trabalhadores, degradam-se as condições em que é assegurado apoio técnico a clientes».
No comunicado, que apela à participação nos plenários sindicais marcados para esta quinzena nos locais de trabalho, contrapõe-se que «para a FSTIEP, os sindicatos federados e os trabalhadores, continua a haver valores mais importantes que o gráfico das cotações na Bolsa: um serviço público de qualidade, prestado por uma empresa sólida, moderna e eficiente, onde os direitos dos trabalhadores sejam respeitados».
A federação considera que, no processo de actualização salarial, «a EDP podia ir mais longe» do que os 3,3 por cento acordados a 16 de Março para a tabela.

Fica também um alerta aos trabalhadores do grupo EDP para o processo negocial relativo ao acordo colectivo de trabalho. As estruturas da CGTP exigem que o quadro actual de direitos, consignado nos instrumentos de regulamentação colectiva anteriores ao desmembramento da EDP e à privatização, deve manter-se no novo ACT. No entanto, a administração da holding mantém posições que põe em causa direitos dos trabalhadores relativamente a admissões, contratação a prazo, insenção de horário de trabalho, trabalho penoso ou desgastante, trabalhadores-estudantes, local de trabalho e área de serviço - previne a FSTIEP.


«Avante!» Nº 1269 - 26.Março.98