Em denúncia pública na AR e nas televisões
CGTP
aponta mais motivos
para parar as privatizações
Os representantes dos trabalhadores do sector empresarial do Estado afirmam que há um premeditado silenciamento das posições contrárias às privatizações, ao mesmo tempo que «prossegue uma ignominiosa campanha propagandística para sustentar a liquidação do património público».
A denúncia é feita num
documento aprovado em reunião das estruturas da CGTP-IN e das
coordenadoras de comissões de trabalhadores do SEE, e que foi
entregue em mão aos deputados na passada quinta-feira. Parte dos
membros de ORTs constituiu-se depois em delegação,
deslocando-se às sedes da RTP, SIC e TVI. Esta ida às
televisões, para fazer entrega de cópias do dossier que ficou
nos grupos parlamentares, foi também uma forma de protesto
contra o silenciamento sistemático a que são votadas as
posições dos que se manifestam contra a política de
privatizações, como explicou ao «Avante!» António Quintas,
da Comissão Executiva da CGTP.
Os documentos foram também entregues, por delegações das
organizações promotoras desta jornada, aos governadores civis
de Viana do Castelo, Porto, Setúbal e Coimbra.
Parar, reflectir
e inverter
As estruturas representativas
dos trabalhadores entendem que «não há nenhuma razão
económica e social que faça prosseguir as privatizações,
designadamente as já agendadas pelo Governo para 1998 e 1999
(ANA, Brisa, Cimpor, Companhia das Lezírias, Dragapor, EDP,
Estaleiros Navais de Viana do Castelo, EPAC, GDP, PEC, Petrogal,
Portucel, Silopor, Siderurgia Serviços, Tabaqueira, TAP e
Tertir)».
O documento entregue aos deputados retoma a denúncia feita há
poucos meses, na «tribuna pública» que traçou o «quadro
negro» das privatizações. São criticadas, em especial, as
decisões de privatização da TAP, de indústrias de Defesa e de
funções sociais do Estado.
«Enquanto noutros países já se questiona se não terá de se
voltar a nacionalizar sectores que foram privatizados, o Governo
português continua a vender para fazer "dinheiro de
caixa", como se o património fosse seu (e não propriedade
colectiva) e como se o dinheiro da venda não fosse rapidamente
superado pelo volume dos lucros e impostos que o Estado deixou de
auferir», protesta as organizações dos trabalhadores das
empresas do SEE.
Distinguindo utentes - detentores de direitos que ao
Estado compete assegurar - e clientes - os que auferem os
serviços quando pagam e na razão das suas possibilidades -, no
documento frisa-se que «o abastecimento de água, o saneamento,
a saúde, o ensino, a Segurança Social, os transportes, os
correios e comunicações e as funções sociais do Estado, em
geral, correspondem a direitos dos cidadão e não a qualquer
mercadoria ou negócio».
Depois de realçaram que «a vida já nos está a dar razão»,
os representantes dos trabalhadores reclamam «dos órgãos de
soberania, em especial da AR, que intervenham para pôr termo ao
espólio da propriedade colectiva do povo português, parando as
privatizações, zelando pela eficácia do SEE e dos serviços
públicos e instaurando um inquérito às privatizações já
concretizadas».