França
Contestada aliança com Frente Nacional
Os franceses saiem à rua, no sábado, contra «a banalização e o enraizamento das ideias da Frente Nacional». Para o Comité Nacional de Vigilância contra a Extrema-Direita, que agrupa cerca de 45 organizações, associações, sindicatos e partidos políticos, esta iniciativa será «um forte sinal dos cidadãos que rejeitam o fascismo em França».
Para os organizadores trata-se de lutar contra a
possibilidade de «no futuro ver os eleitos da extrema-direita, tanto da FN como os seus
aliados, decidir a política de educação e formação, a acção cultural, a
assistência social, com base em discriminações e em exclusões, no racismo e no
ódio».
Este conjunto de manifestações é fruto de um vasto movimento de contestação contra as
alianças da direita tradicional e da FN nas eleições para os Conselhos Regionais, e
segue-se a outras iniciativas semelhantes que se têm realizado nos últimos dias.
Quatro dias depois de Lionel Jospin considerar que as
alianças entre os partidos de direita e extrema-direita constituem «um perigo para a
democracia», o presidente francês seguiu a mesma linha e criticou estas coligações, na
passada segunda-feira.
Pressionado por uma opinião pública revoltada, Jacques Chirac apelidou o partido de
Jean-Marie Le Pen de «racista e xenófobo» e pediu aos seus eleitores para «medirem a
sua responsabilidade».
«Estamos num processo que desacredita a França, a sua imagem, os seus valores», afirmou
o presidente numa declaração televisiva. «Só posso desaprovar aqueles que preferiram
os jogos políticos à voz da sua consciência. Esta atitude não é digna e pode ser
perigosa», acrescentou.
Os resultados do escrutínio são claros e reforçam os números das eleições regionais realizadas na semana anterior: a «Esquerda Plural» - constituída pelo Partido Comunista, pelo Partido Socialista e pel' «Os Verdes» - recebeu 47 por cento dos votos, enquanto os partidos de direita ficaram com 44 por cento.
A contestação atingiu tais níveis que os cinco
elementos da UDF que foram eleitos com o apoio da FN e que assumiram o seu cargo foram
suspensos pelo seu próprio partido. Na segunda-feira Marc Censi, eleito nos Pirinéus com
os votos da extrema-direita, demitiu-se de imediato, à semelhança da decisão que
Jean-François Humbert tomou dias antes, na região de Franche Comté.
Por seu lado, Le Pen viu frustradas as suas intenções de assumir o cargo de presidente
da Provences-Alpes Cote d'Azur, região tradicionalmente de extrema-direita mas que ficou
nas mãos dos socialistas nestas eleições.
As manifestações contra os extremistas da FN pedem aquilo que a maioria dos franceses pretendem: o afastamento da extrema-direita. Cabe agora aos políticos da União Democrática Francesa e da União para a República responder-lhes.