Milão
50 mil pelas 35 horas


Mais de 50 mil pessoas reuniram-se em Milão, na tarde de sábado, para reivindicar a implantação das 35 horas de trabalho. Uma verdadeira maré humana invadiu a baixa desta cidade italiana manifestando-se não só a favor da redução dos horários de trabalho, mas também pela criação de empregos para todos.

A manifestação veio mais uma vez demonstrar o fosso económico que separa o Sul e o Norte, no seio de um país que se prepara para aderir à União Económica e Monetária. De um lado o Sul, mais do que nunca símbolo da pobreza e do desemprego - com uma taxa de desocupados superior aos 20 por cento - , do outro o Norte, exemplo típico da industrialização.

O vento frio que varreu Milão não impediu os manifestantes de continuar a sua marcha e de perseguir os seus objectivos. Os seus problemas são mais fortes. É que, se não têm de lidar directamente com dificuldades económicas, assistem com toda a certeza aos problemas dos vizinhos, dos familiares, dos amigos. O desemprego afecta toda a população de uma forma ou de outra.
À cabeça do desfile, estava o secretário da Refundação Comunista, Fausto Bertinotti, que fez da diminuição do horário de trabalho um dos pontos essenciais do seu programa político e uma das condições para manter o apoio do seu partido ao governo de centro-esquerda.
«Nesta manifestação, não reivindicamos apenas a redução do horário de trabalho como instrumento da luta contra o desemprego, mas igualmente como meio de enriquecer a própria ideia de vida», afirmou Fausto Bertinotti na ocasião.

O líder da Refundação Comunista qualificou de «reaccionária» a posição da federação patronal italiana, a Cofindustria, ao se opor ao projecto de lei sobre a matéria. «A Cofindustria não aceita o facto de que é o Parlamento que faz as leis e não a associação dos industriais», acrescentou.


«Avante!» Nº 1269 - 26.Março.98