Encontro
de Quadros de Setúbal
Impulsionar
o colectivo partidário
Cerca de quinhentos quadros comunistas de Setúbal
reuniram-se no passado domingo, no Clube Recreativo da Cruz de
Pau, na Amora, para tentar responder a uma interrogação que se
coloca a muitos militantes e organizações: como melhorar o
funcionamento do Partido para intervir mais e melhor na
sociedade, em defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores
e das populações. Das várias dezenas de intervenções ficaram
experiências positivas, problemas e insuficiências, propostas e
pistas de trabalho, e a convicção de que «sabendo ouvir as
opiniões dos militantes do Partido, vamos certamente dar um novo
e grande impulso à Organização e à intervenção do Partido»
- como sublinhou na abertura do Encontro, Jorge Pires, membro da
Comissão Política e responsável da DORS.
Imediatamente a seguir às
eleições autárquicas, a DORS decidiu avançar com um conjunto
de medidas de direcção com vista a dar mais eficácia ao seu
funcionamento e aumentar a sua intervenção. A par de uma
reestruturação orgânica, que reduziu de três para dois o
número de organismos executivos, foram introduzidas alterações
na sua composição, redefinidas prioridades de trabalho e
responsabilizados novos quadros. Esta reflexão alargou-se a toda
a organização regional e foi confirmada na reunião do Comité
Central de 14 e 15 de Fevereiro.
Como refere o documento, e o Encontro sublinhou, «a
participação activa dos militantes na vida das organizações e
da intervenção destas no meio onde estão inseridas, é a
única base sólida para a permanente procura de soluções que
ajudem a ultrapassar as dificuldades e insuficiências».
Na intervenção de abertura, Jorge Pires considerou ser
«vital» que os militantes assumam o Partido como seu e não o
entendam como uma entidade abstracta». «A força deste Partido
está na sua natureza de classe, na sua ideologia, nos seus
objectivos, mas está sobretudo na capacidade que tivermos de
pôr a funcionar regularmente este grande colectivo partidário,
preparado ideológica e politicamente para intervir».
Foi esta necessidade de procurar colectivamente soluções para o reforço do Partido que desencadeou um movimento geral de assembleias e plenários de militantes que culminará no final deste ano ou início de 1999 com a realização da 5ª Assembleia de Organização Regional de Setúbal. Até ao momento, foram já marcadas mais de 90 assembleias concelhias, de freguesia e locais, de células de empresa e de sectores profissionais, merecendo especial atenção as organizações de base.
A organização
no local de trabalho
O desaparecimento de grandes
empresas, a proliferação do trabalho precário, os
despedimentos e reformas antecipadas, o elevado número de
desempregados que não pára de aumentar, são factores que se
reflectiram negativamente na organização partidária,
provocando o enfraquecimento de muitos organismos de base, como
as células de empresa.
Assinalando o acentuado crescimento das organizações por local
de residência, o documento observa que para além do
«encerramento de empresa ou diminuição do número de
trabalhadores, também se tem verificado a passagem de muitos
camaradas no activo para as organizações do local de
residência por dificuldades orgânicas e de direcção». É uma
tendência que deve ser contrariada e o exemplo do Arsenal do
Alfeite, trazido por Vicente Merendas, entre outros que foram
referidos no decorrer do Encontro, prova que é possível
fazê-lo.
Após um intervalo de vários anos, em que a organização do
Partido quase desapareceu no Arsenal do Alfeite, em Fevereiro de
1997, teve lugar a 5ª Assembleia da Célula. Este objectivo,
explicou Vicente Merendas, foi alcançado porque a Concelhia de
Almada discutiu e tomou medidas para dinamizar a Célula. Os
resultados estão à vista: hoje conta com 160 militantes, o que
faz dela uma das maiores células do distrito, e constitui uma
importante força na empresa, tendo contribuído para o bom
funcionamento da Comissão Sindical e da Comissão de
Trabalhadores. A participação numerosa dos trabalhadores do
Arsenal na manifestação dos EFAs, realizada no passado dia 16
de Março em Lisboa, mostrou que «os arsenalistas recuperaram o
ânimo e sentem-se orgulhosos da sua célula que é o Partido
dentro da empresa», salientou Vicente Merendas.
A organização no local de trabalho foi classificada por Jorge Pires, «não só como uma questão orgânica, mas sobretudo como uma questão ideológica». Como explicou, «no desenvolvimento da luta de classes, o embate fundamental é aquele que se concretiza no dia a dia no local de trabalho. É ali que se confrontam as duas classes antagónicas da sociedade portuguesa e é a partir deste confronto que se esclarece e clarifica a coincidência de interesses entre o grande patronato e aqueles que no poder político desenvolvem políticas contrárias aos interesses dos trabalhadores e do povo». O alargamento da estrutura partidária a mais empresas e outros locais de trabalho é assim visto como «determinante» para o aumento da capacidade de intervenção do PCP.
Renovar
e rejuvenescer
Nos últimos dois anos, sem
qualquer campanha organizada, foram recrutados no distrito cerca
de 700 novos militantes, dos quais 47 por cento tinham menos de
30 anos. Agora, os comunistas de Setúbal propõem-se recrutar
até às eleições legislativas de 1999 no mínimo mil novos
militantes, pelo menos 45 por cento dos quais com idade até
trinta anos. Mas tão importante como recrutar é integrar na
vida partidária os novos militantes.
A responsabilização de mais quadros jovens é outra
orientação que está a ser aprofundada. Nos últimos dois anos,
a DORS funcionalizou ou subsidiou para o trabalho do partido e da
JCP 17 jovens quadros, a maioria com menos de 25 anos. Este dado,
já de si revelador de uma adesão crescente dos jovens ao
Partido, foi enriquecido com o relato de várias experiências
ocorridas no distrito.
O jovem Marco, residente em Alcochete, contou aos presentes como
se desenvolveu um pequeno núcleo da JCP do Montijo. Eram apenas
quatro ou cinco, mas resolveram organizar-se para intervir na
escola secundária. Rapidamente cresceram para um colectivo
activo de 12 jovens. Lançaram-se na elaboração de uma lista à
associação de estudantes e obtivam a maioria dos votos. Com
este simples relato Marco quis ilustrar uma convicção sua: «os
jovens não estão adormecidos e têm vontade de lutar» e deixou
o apelo para que sejam ajudados a integrarem-se no trabalho
partidário.
Este tema foi também abordado pelo Pedro Silva que lembrou
«atritos» verificados nas últimas autárquicas devido a uma
certa relutância em integrar nas listas jovens candidatos:
«Deram-se exemplos de jovens que se tinham portado mal, mas eu
pergunto quantos outros se portaram mal e não eram jovens».
Como recomendação, o documento do encontro considera que «a
linha de responsabilização de jovens quadros do Partido aos
mais variados níveis de direcção e de intervenção deve ser
seguida em todas as organizações do Partido, tendo sempre
presente que à partida não devem ser colocadas exigências de
experiência».
Outras intervenções feitas no Encontro chamaram a atenção
para o agravamento da situação social e económica, para a luta
dos trabalhadores em diversas empresas e para as batalhas que se
avizinham, com destaque para os referendos sobre a IVG, a
Regionalização e a Europa. Até às próximas legislativas, os
comunistas de Setúbal promovem um conjunto acções, debates e
refexões para analisar os problemas que afectam o distrito e
encontrar soluções para os ultrapassar.
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O nosso
projecto humanista
- Intervenção de Carlos
Carvalhas -
No encerramento do Encontro de Quadros de Setúbal, Carlos Carvalhas, secretário-geral do PCP, fez uma intervenção da qual publicamos os principais extractos.
Pelas suas raízes, pela
ligação aos trabalhadores e às populações, pela sua força,
pelo seu património de luta e de trabalho, pela suas posições
no Poder Local, o PCP tem particulares responsabilidades no
distrito de Setúbal. E o seu reforço, no plano social,
político e eleitoral é da máxima importância quer para a
população do distrito quer para o país.
O nosso empenho construtivo, o trabalho que realizamos, as lutas
que impulsionamos para que se resolvam problemas, o nosso apoio
às justas reivindicações dos trabalhadores e do povo, o nosso
projecto humanista, é reconhecido de forma positiva pela
generalidade da população e por milhares de cidadãos sem
partido, sobretudo por parte daqueles que nos conhecem mais de
perto.
Mas é necessário
continuar a prestar grande atenção ao esforço da nossa
ligação à classe operária, aos trabalhadores e à
população, ao rejuvenescimento, ao diálogo com os outros, ao
recrutamento e à viragem do Partido para fora. E é também
necessário continuar a empenhar esforços para se dar respostas
às questões da problemática feminina e da juventude e às
inquietantes questões do ambiente.
Temos pela frente boas perspectivas para reforçarmos a nossa
influência, mas também temos um quadro político de grande
exigência que vai implicar o doseamento atento de forças e
meios pelas diversas batalhas e prioridades.
Boas perspectivas porque são cada vez mais aqueles que vêem em
nós a grande força da mudança e da esperança, a grande força
da esquerda que com coerência levanta bem alto os valores de
Abril e da esquerda.
Exigente porque iremos ter pela frente muita demagogia, muitos
elementos de diversão dos reais problemas das populações e uma
continuada ofensiva neoliberal quer em relação aos direitos
laborais, salários e reformas, quer ainda aos sistemas de
segurança social e de saúde.
Exigente ainda, porque como tudo indica iremos ter vários
referendos e ainda as manobras das leis eleitorais em que o PS e
o PSD procuram obter uma bipartidarização artificial da vida
política e assegurar maiorias de deputados sem maiorias
eleitorais através da dinâmica dos círculos uninominais (PS e
PSD) e da redução do número de deputados (PSD).
Quanto à redução do número de deputados pretendida pelo PSD e em relação à qual há sempre que temer que o PS possa ceder, como já cedeu no passado em tantas coisas em que jurava que jamais cederia, é preciso esclarecer quatro aspectos essenciais:
· o primeiro é que, mesmo do ponto de vista comparativo com outros países, não há qualquer excesso da dimensão do número de deputados da Assembleia da República;
· o segundo é que, como já se viu quando no passado o número de deputados baixou de 250 para 230, essa redução diminui sempre a proporcionalidade do sistema eleitoral e beneficia sempre o PS e o PSD em prejuízo dos outros partidos;
· o terceiro é que, com a redução pretendida pelo PSD, o Grupo parlamentar do PCP poderia, mesmo no caso de haver um significativo reforço da sua votação, ficar com uma dimensão numericamente tão reduzida que ficaria na prática impossibilitado de intervir sobre um grande número de problemas e no fundo, só o PS e o PSD ficariam em condições de desenvolver uma actividade parlamentar minimamente condigna e eficaz.
· o quarto é que, tudo visto, não há deputados a mais no Parlamento; o que há sim é partidos que tem deputados a mais para o pouco trabalho que realizam e partidos como o PCP que tem deputados de menos para o imenso trabalho que fazem.
De facto não é possível falar do quadro das nossas tarefas mais próximas, sem ter em atenção estes combates e lembrar que tudo está agora encaminhado para que, com alta probabilidade já em 28 de Junho ou 5 de Julho, se realize o referendo sobre o aborto que foi imposto ao país pela vergonhoso volte-face do PS e pela sua clamorosa cedência ao PSD, operada quando decidiu mandar para o caixote do lixo a votação maioritária realizada na Assembleia da República.
Sendo certo que esta será a primeira experiência depois do 25 de Abril de um referendo, é muito importante que por parte de todas as organizações do partido e de todos os militantes haja desde já uma aguda consciência de que, embora seguramente com diferenças, este referendo apresentará muitas características e exigirá esforços e formas de intervenção muito semelhantes ao de uma campanha eleitoral.
Por outro lado, embora vá ser possível a constituição de grupos de cidadãos com uma intervenção própria na campanha do referendo e a este respeito já afirmámos a plena disponibilidade dos comunistas para, lado a lado com outros democratas, participarem em grupos que se constituam para lutar pela vitória do «sim» à despenalização do aborto, continuamos a salientar que, para que tal objectivo seja alcançado, é não só legítima como necessária a intervenção própria dos partidos.
E por isso, e pela nossa parte, aqui voltamos a dar uma garantia a todos os homens e mulheres do nosso país que justamente apoiam esse progresso necessário para combater o flagelo do aborto clandestino e proteger a dignidade e a saúde das mulheres que é a despenalização do aborto e a permissão da sua realização em condições de segurança médica,
A garantia de que o PCP não fará aquilo que parece que o PS se prepara para fazer e que é ter-se sentido à vontade para propor uma lei e para a aprovar e agora já não se sentir à vontade para fazer campanha pelo «sim» no referendo, coisa que o deputado Sousa Pinto afinal não considera escandaloso e parece estar disposto a engolir suavemente. Não, o PCP será coerente com a sua qualidade de grande e principal protagonista político desta causa, o PCP honrará os seus compromissos com os portugueses e portuguesas, o PCP não se esconderá atrás de grupos de cidadãos, o PCP, com as suas organizações e militantes intervirá, de forma serena e responsável mas activa e empenhada, na grande batalha de esclarecimento para uma expressiva vitória do «sim».
O embuste da AD
recauchutada
Nestes últimos tempos o tema
da nova AD tem sido objecto de comentários vários.
No PSD os que estão com Marcelo Rebelo de Sousa entendem que a
nova AD é a melhor maneira de dissolver o PP e de assegurar uma
perspectiva até às eleições legislativas. No PP os que estão
com Paulo Portas vêem na AD uma maneira de credibilizar o PP e
de evitarem serem contados nas próximas eleições.
No PS e nos meios mais afectos ao governo a avaliação é feita
em dois planos. No plano parlamentar onde temem que o PP deixe de
ser a bengala com que sempre têm podido contar e, no plano
eleitoral, onde um "remake" da AD lhes permite, segundo
dizem, encenar melhor o perigo do regresso da direita e fazer
apelo ao chamado voto útil com o objectivo de tentarem o poder
absoluto.
O PS não tenciona mudar o rumo da sua política neoliberal e é
também evidente que o PS não tenciona vir a dizer que os votos
no PCP contam sempre para derrotar a direita e que contam como
nenhuns outros para que se tenha uma saida pela esquerda... Vai
procurar sim, mais próximo do acto eleitoral tentar iludir o
eleitorado, fazendo um discurso mais social e deixando cair
algumas migalhas orçamentais para atrair os menos politizados. E
sobretudo vai empolar e dramatizar os perigos da direita... É
uma manobra velha mas que com o apoio de grandes meios de
informação atinge sempre camadas da população sobretudo nas
camadas mais vacilantes e menos informadas politicamente.
É por isso necessário travar desde já um importante combate de
esclarecimento mostrando que para derrotar a direita o que conta
é que os deputados eleitos pelo PCP e pelo PS sejam em número
superior as eleitos pelo PSD e PP. Mas para derrotar a política
de direita o que efectivamente conta é o reforço do PCP e da
CDU. De facto não é indiferente a correlação de forças entre
o PCP e o PS para que se venha a ter uma inflexão na política
que vem sendo seguida, pois nas questões mais essenciais a
política do governo PS não se distingue da do cavaquismo. E
actualmente o PS é ainda mais elogiado pelo capital financeiro
do que o PSD...
São partidos com muitos
comportamentos semelhantes e com muitas políticas gémeas
mesmo no que toca aos jobs for the boys, ou mais prosaicamente no
que toca aos «tachos para a rapaziada». Ainda recentemente no
debate que teve lugar na Assembleia da República sobre esta
questão Marques Mendes afirmou, fugindo-lhe a boca para a
verdade, que nem sempre "o cartão laranja foi o critério
para as nomeações nos tempos dos governos do PSD" o que
quer dizer que os que foram nomeados sem cartão foram tão só a
excepção. Por sua vez o Ministro da Administração Interna e
depois o Conselho de Ministros foram obrigados a admitir que as
nomeações rosa não ficam atrás das nomeações laranja... Um
fartote e uma vergonha, tudo à custa dos dinheiros públicos.
A utilização do aparelho de Estado em benefício partidário,
as voltas e reviravoltas em questões como a interrupção
voluntária da gravidez, são um descrédito para a vida pública
e para as instituições.
Pensamos também que Portugal só defende os seus interesses e
só se prestigia com uma postura firme, clara e coerente quer na
União Europeia quer no domínio da política externa.
E neste domínio queremos deixar bem claro que, por exemplo,
em relação a Timor-Leste entendemos que esta causa é uma causa
nacional que não deve ser objecto de manobras politiqueiras de
disputa partidária ou de pequena intriga.
Mas entendemos também que o governo deve preparar com todo o cuidado e de forma coordenada com a Presidência da República, a Resistência Timorense e as diversas forças políticas, nomeadamente as que têm assento na Assembleia da República, qualquer iniciativa de contacto ou negociação sob a égide da ONU, com autoridades da Indonésia.
E lamentamos que o governo português tenha tido em Londres uma posição de D. Quixote, de triste figura que não ajuda a luta do povo Mauber, nem nos prestigia na cena internacional. As posições do Primeiro-Ministro e os encontros anunciados e não realizados em nada prestigiam o nosso país. (...)
O PCP pelas suas propostas
positivas, pela sua coerência, pela sua intervenção e pela sua
luta marca a diferença. Mas é necessário que o justo
prestígio e o reconhecimento que nos são conferidos,
nomeadamente pelos trabalhadores, pelas populações e pela
juventude se traduza também num efectivo apoio eleitoral.
A ligação
aos trabalhadores
e ao povo é essencial
Neste Encontro de Quadros
teve lugar de primeiro plano a análise de todo um conjunto de
lutas em curso pelo emprego com direitos, pela melhoria dos
salários e das reformas, contra os despedimentos e os vínculos
precários.
Daqui queremos saudar e manifestar o nosso apoio solidário aos
trabalhadores da Sodia/Renault, aos trabalhadores da Saúde e da
Administração Pública, aos enfermeiros, aos trabalhadores
Ferroviários, do Arsenal do Alfeite, da Lisnave, da Gestenave,
da Unicervi, da Carbogal, da Metalsines, da Facmil, da TST, do
Hotel do Mar e a muitos outros. Quero também daqui saudar a luta
dos agricultores de Setúbal e a grande manifestação da
juventude «por um ensino de qualidade e por uma acção social
escolar e um financiamento do ensino superior justos».
A luta de massas tem um papel essencial na alteração da
situação social e política. E este Encontro de Quadros
constitui também um impulso para se dar novas expressões ao
combate contra a injustiça, a exploração e opressão, ao
combate por novos direitos e a melhoria do nível e qualidade de
vida.
São muitos os testemunhos de que vale a pena lutar. É certo que
quando se luta nem sempre se ganha. Mas quando se abdica da luta
perde-se sempre.
O acordo negociado na Têxtil como corolário de 15 meses de luta
das trabalhadoras e dos trabalhadores pelas 40 horas com descanso
ao sábado aí está também a mostrar as possibilidades e
potencialidades que se abrem com o desenvolvimento da acção de
protesto e de luta por justas reivindicações.
No quadro actual a nossa acção e intervenção deve procurar
favorecer tudo o que amplie a compreensão e consciência de que
é possível uma alternativa progressista e de esquerda à
alternância que não é alternativa entre o PS e o PSD.
Por outro lado é necessário continuar a dinamizar a
organização do Partido, designadamente através do movimento em
curso de Assembleias com vista a tomarem-se medidas para uma
maior influência na sociedade portuguesa.
No nosso Partido debate-se, avalia-se a situação e tomam-se
medidas. O processo em curso de dinamização do Partido e de
rejuvenescimento tem sido objecto por parte dos nossos
adversários de várias acções de intriga procurando a divisão
e a inquietação do nosso Partido. De novo procuram catalogar
militantes e dirigentes e pôr uns contra os outros. As manobras
de intriga não passarão no nosso Partido e não entravarão o
impulso e o processo que encetámos de dinamização, renovação
e rejuvenescimento.
E se se fala de ruptura é
bom que se retenha, que a ruptura que temos no Partido é com o
capitalismo e o neoliberalismo, é com a opressão e a
dominação, é com o desemprego e o trabalho precário, é com o
tráfico de droga e a acentuação das desigualdades, é com os
baixos salários e as reformas de miséria, é com a injustiça e
o empobrecimento da democracia.
O que os preocupa é que este Partido com firmeza, com
princípios e com coerência quer estar mais dinâmico, quer ser
mais forte e quer continuar ao lado dos trabalhadores e do povo
na sua luta pela melhoria do nível e qualidade de vida, pela
transformação social, tendo por horizonte o socialismo!
O que os preocupa é que o nosso Partido está coeso em torno dos
objectivos que temos definido, com prestígio crescente e com o
reconhecimento de largas camadas da população e nomeadamente
por parte da juventude e da classe operária pela sua luta
quotidiana ao serviço do povo e de Portugal!
Desenganem-se pois os que
pensam que nos dividem e que nos paralisam!
Com a nossa identidade definida e reafirmada no XV Congresso, mas
abertos para o curso da vida e para o futuro continuamos o nosso
combate pelo progresso social, pelo fim da exploração e da
opressão do homem pelo homem. (...)
E reafirmamos como grande compromisso de honra de que este partido, o Partido Comunista Português, que se orgulha da sua história, do seu projecto e do seu nome, não virará as costas às dificuldades, não desertará do campo da luta, não desertará do lugar e das causas que deram sentido aos seus 77 anos de vida e, com a classe operária, com os trabalhadores, com a juventude, com todos os portugueses e portuguesas, com todos os trabalhadores e trabalhadoras, prosseguirá com energias renovadas, a sua luta pela democracia, pelo socialismo, por Portugal.