Recurso hídricos nacionais
Sem
política, sem plano, sem estratégia
Em matéria de água, recurso vital e estruturante em qualquer processo de desenvolvimento, Portugal continua sem uma política, sem plano e sem estratégia.
Em debate sobre o Plano Hidrológico Espanhol, realizado na semana transacta, por iniciativa do Partido Ecologista "Os Verdes", a demonstração de que assim é voltou a ser feita, como provado ficou que nada mudou relativamente aos governos do PSD. O que, no final, só fez aumentar as preocupações perante a inércia da governação do Partido Socialista, a quem Isabel de Castro ("Os Verdes") perguntou - depois de observar como anda "adormecido desde que se sentou no poder" -, se "acaso será a cadeira assim tão confortável?".
No decorrer do debate
ficou patente a absoluta necessidade de Portugal inverter o rumo
que tem vindo a ser seguido, adoptando, consequentemente, uma
política nacional de recursos hidrícos e uma estratégia que
acautele os interesses nacionais e garanta condições de
igualdade e capacidade negocial na assinatura de um novo
Convénio com a vizinha Espanha.
Dadas as implicações directas que o Plano Hidrológico de
Espanha tem na "quantidade e qualidade dos nossos próprios
recursos", como fez notar o parlamentar comunista Joaquim
Matias, o que está em causa, pois, antes de mais, é a
elaboração do nosso próprio Plano Hidrológico Nacional.
Só que, em vez de optar com vista à sua concretização por uma
estratégia assente no planeamento e gestão por bacias
hidrográficas de forma descentralizada e participada, o Governo,
ao contrário - foi ainda Joaquim Matias a lembrá-lo -, tem
chamado a si exclusivamente tal tarefa, numa "solução
altamente centralizada e governamentalizadora", hoje
praticamente abandonada m quase todos os países por se revelar
desadequada.
Deste quadro resulta, por exemplo, que não esteja a ser determinado o significado e o impacte do Plano Hidrológico Espanhol nos nossos recursos em águas superficiais, facto"inadmissível" na opinião de Joaquim Matias.
Face às diferenças existentes neste domínio entre os dois países, importa, por conseguinte - e esta foi a perspectiva defendida pelo parlamentar comunista -, que o Governo garanta através de negociações que a Espanha pare com transvases ou retenções de água dos rios internacionais ou que, pelo menos, não os faça sem um estudo de impacte ambiental que tenha o acordo do nosso País.