Festa do «Avante!»,
uma festa que se renova


A Festa do «Avante!», desde 1976 a maior realização política e cultural do País, vai este ano ter lugar nos dias 4, 5 e 6 de Setembro. De novo na Quinta da Atalaia, durante três dias, os comunistas abrem as portas a todos os que desejam um mundo melhor, proporcionando-lhes um espaço de convívio, de debate, de arte, de desporto, de gastronomia, de artesanato. Um espaço de camaradagem e de fraternidade.
Sobre o «andamento» da Festa falámos com o seu responsável, Virgílio Azevedo, membro do Secretariado do Comité Central.


Este ano a Festa do «Avante» realiza-se num contexto político particular que, certamente, irá ter nela os seus reflexos.

— Sim, a Festa do «Avante!» realiza-se este ano num quadro político complexo, com o Governo PS a prosseguir aquilo a que chamamos a «marcha forçada» para a moeda única - com todas as suas consequências -, a intensificar a ofensiva privatizadora das empresas e serviços públicos e a ofensiva contra os direitos dos trabalhadores. Agravam-se as condições de vida de muitos portugueses, agrava-se a situação no ensino e na saúde, pairam sombrias ameaças sobre a segurança social.


Tudo isso, no meio de um quadro de muitas batalhas políticas...

— No meio de importantes batalhas políticas com reflexos profundíssimos para a vida dos portugueses: os referendos e as eleições para o Parlamento Europeu e para a Assembleia da República.
Mas não só. Num momento, também, de sinais evidentes de descontentamento com a política de direita prosseguida pelo Governo do PS e de ascenso da luta dos trabalhadores em muitas empresas e em muitos sectores socioprofissionais.


Mas uma situação, também, em que o Partido, conforme decisão recente do Comité Central, pretende dar um novo impulso na organização!

— Certo. Num momento, também, de grande dinamização da vida orgânica do Partido, de um grande esforço de organização, renovação, rejuvenescimento e intervenção. Num momento de grande afirmação do Partido como pólo aglutinador da esquerda, com projectos para uma real alternativa de esquerda para o País.


Parece-te, então, que a Festa do «Avante!» este ano tem uma importância política acrescida?

— Não sei se acrescida, mas a verdade é que no presente contexto ela assume-se ainda como a maior iniciativa político-cultural do País e com uma importância renovada, matendo embora as suas características fundamentais: festa de convívio, de solidariedade, de liberdade e da fraternidade. Festa dos comunistas, festa do PCP para o povo. Ponto de encontro do país, dos seus problemas, da sua cultura. Uma festa que se renova de ano para ano: na concepção, na construção, no conteúdo político e cultural, no artesanato, nas gastronomia e até nos visitantes.


O facto de a Festa do «Avante!» se realizar ao mesmo tempo em que decorre em Portugal a Expo'98 não poderá ser-lhe prejudicial?

— São duas realizações importantes mas com características diferentes. Além disso, a Expo prolonga-se por vários meses, enquanto a Festa ocorre apenas durante um fim de semana.
Aliás, é precisamente por se prever que muitos dos visitantes habituais da nossa Festa quererão aproveitar a sua deslocação à Atalaia para visitar também a Expo, que este ano o acampamento abrirá uma semana antes da Festa e encerrará uma semana depois.
Os próprios transportes fluviais que a Expo vai organizar poderão potenciar essa possibilidades aos visitantes da Festa que vêm de longe.


Bem, e que novidades propõe este ano a Festa?

A discussão não está ultimada. Há, porém algumas linhas de força que podemos desde logo adiantar. A festa será politicamente marcada por uma grande afirmação do PCP como pólo aglutinador da esquerda para a construção de uma alternativa, abordará a situação política e social que vivemos, tratará os problemas e as grandes lutas dos trabalhadores. Os referendos, as eleições para o Parlamento Europeu e para a Assembleia da República são batalhas políticas que percorrerão também o espaço da Festa, assim como a afirmação da juventude como força social. Grande expressão na Festa terá igualmente a comemoração dos 150 anos do Manifesto Comunista - cuja actualidade ficará patente aos olhos dos visitantes. A Conferência Ibero-americana que em Outubro se realiza deverá ter também os seus reflexos na Festa, através de uma campanha de solidariedade com Cuba.
Mas, em termos políticos, os pontos altos da Festa serão naturalmente a sua abertura e o comício. Ainda que este ano estejam previstos mais debates e mais espaços para debate e as Direcções Regionais estejam, elas próprias, a organizar alguns debates.


O objectivo é, então, pôr o acento tónico na vertente política?

— É permitir dar ao visitante a ideia da Festa do Avante não só como um espaço de convívio mas também como um espaço para troca de opiniões e debates - o que, por vezes, não resulta inteiramente claro para o visitante. Por outro lado, vai ser dada particular atenção à qualidade das exposições, quer no Pavilhão Central quer nos restantes stands, de forma a reflectir melhor o momento político e a vida do Partido.
Outra ideia forte é dar uma maior projecção ao «Avante!», seja no Pavilhão Central, seja em todo o recinto da Festa.


E em termos culturais, com que novidades podemos contar?

— Embora este ano não seja ano de bienal, está-se a trabalhar no sentido de haver uma exposição sobre a qual será dada em tempo oportuno a devida divulgação mas que desde já podemos adiantar ser uma iniciativa de grande interesse. A Ciência é outra área que este ano terá um tratamento privilegiado. Por fim, o recinto da Festa terá «pinceladas» novas e decorativas, ou seja será todo ele decorado com grandes painéis pintados por autores que vão do jovem artista ao artista consagrado.


Não falaste dos espectáculos que, este ano, vão ter na Expo uma grande concorrente.

— É óbvio que, neste campo, tivemos naturalmente em conta as muitas realizações que ao longo do ano ocorrerão no País, com particular destaque para as da Expo. Esperamos ter até finais de Maio o programa de espectáculos completo mas pode-se desde já dizer que iremos procurar que os espectáculos da Festa mantenham a qualidade a a novidade que os tem caracterizado.
Para já, em termos de palcos, para além do Palco 25 de Abril e do Auditório 1º Maio onde costumam verificar-se os grandes espectáculos, o Palco Novos Valores este ano vai permitir na sua grelha a apresentação de alguns grupos seleccionados na base de festivais da canção organizados por alguns Direcções Regionais para promoção da Festa. O Palco Arraial, por sua vez, permitirá a representação na Festa de ranchos folclóricos, coros e as várias expressões musicais de todo o país.
Isto para não falar da animação de rua, da feira do livro e do disco, do teatro, do desporto ou do espaço internacional que têm sempre na Festa um grande peso. O artesanato vai ter uma atenção maior e a gastronomia vai ser mais cuidada.
Isto é, as organizações estão a preparar a sua presença na Festa, procurando melhorar o conteúdo da sua intervenção.


Quando sai a EP?

— Esperamos ter a EP à venda em finais de Abril. Este ano existe um elemento novo em relação à EP, que vai certamente criar uma nova dinâmica na sua venda pelas organizações. É que, sendo o preço da EP de 2500$00, este valor sofrerá um desconto de 20 por cento se a EP for adquirida antes da Festa. Quem a compre, pois, atempadamente pagará por ela apenas 2.000$00. Mas na altura própria serão dadas mais informações.


E para quando o arranque da Festa?

— Estão definidos alguns objectivos. Durante todo o mês de Abril a Festa será divulgada no interior do Partido e nas realizações de massas. Maio e Junho serão meses para colocar a Festa «na rua», ou seja, proceder à sua divulgação através de um folheto próprio sobre a Festa (data, características, etc.) e da colocação de grandes paineis e de Mupis, nomeadamente nos percursos da Expo.
Mini-exposições sobre a Festa serão ainda colocadas nos Centros de Trabalho e nas várias iniciativas do Partido, assim como nos pavilhões do Partido montados em festas locais.
Em Julho e Agosto proceder-se-á à divulgação política e cultural da festa, com a saída do jornal dos espectáculos, da revista da Festa e de uma nova série de MUPIs e Outdoors. Para além, naturalmente, da sua divulgação nos vários órgãos de comunicação social.


Será que desta vez vamos ter o programa da Festa com alguma antecedência?

— Estamos a contar que este ano o programa esteja na rua bastante antes do início da Festa. Aliás, pretende-se mais. Pretende-se melhorar o conteúdo da revista para que não sirva apenas para consulta da grelha de espectáculos mas de outros elementos com tanto ou maior interesse na festa.
Por outro lado, para além dos materiais centrais, as organizações regionais estão a elaborar os seus próprio materiais de divulgação, quer nos boletins que já existem, quer em folhetos exclusivamente virados para a Festa.


Podemos desde já contar com uma grande festa?

— Pensamos que sim. O êxito da Festa depende em grande medida do empenhamento e da mobilização do Partido. É necessário que em toda a dinamização da vida orgânica, nas reuniões, nos plenários, nas assembleias, seja divulgada a Festa, seja preparada a forma como cada organização vai participar nas múltiplas tarefas que a Festa do «Avante!» coloca: a divulgação da Festa, a venda da EP, participação nas jornadas de trabalho, preparação das tarefas para o funcionamento da Festa.


«Avante!» Nº 1271 - 9.Abril.98