O falecimento de Mário Rodrigues


Faleceu, no passado dia 1 de Abril, Mário Rodrigues, jornalista e director - a partir de Outubro de 1975 - do jornal «A Terra», órgão de unidade dos camponeses do Norte.

«A Terra», que foi publicado durante a ditadura fascista (de 1963 até Março de 1974), impresso numa tipografia clandestina do PCP e, a seguir ao 25 de Abril editada, primeiro como página especial do jornal «Independência de Águeda», e depois como suplemento do jornal «A Opinião», teve em Mário Rodrigues um apaixonado e activo dinamizador da sua influência e importância junto dos pequenos e médios agricultores (proprietários e rendeiros) do Norte e Beiras.

Em 1982 assumiu a coordenação do Alavanca (jornal da CGTP-IN), em 1987 passou a director da Rádio Activa e, posteriormente, foi jornalista do «Expresso».
Actualmente era director da RealPress.

O envolvimento nas causas da terra não começou com o jornalismo. Em Águeda, foi militante activo na luta pela defesa dos direitos dos povos dos baldios, reprimidos pela ditadura, o que lhe valeu uma prisão de três meses pela PIDE/DGS.
Mário Rodrigues foi também candidato da CDE, em 1973, tendo participado na organização dos congressos republicanos de Aveiro.

À família enlutada de Mário Rodrigues, Agostinho Lopes, membro da Comissão Política do PCP, endereçou a seguinte uma mensagem de condolências:

Gostaria de vos transmitir o meu profundo sentimento de tristeza pela morte do Mário Rodrigues. Os agricultores portugueses perderam um grande amigo e um grande jornalista!
O Mário Rodrigues teve um papel destacado logo após o 25 de Abril como Director do Jornal «A Terra» (de que já era colaborador anteriormente), na dinamização da defesa e da organização de classe dos pequenos e médios agricultores do Norte e Beiras. Realço e lembro os seus muitos artigos dedicados à luta dos compartes dos Baldios e dos rendeiros do Norte».
O jornalismo português fica mais pobre com a perda do Mário, um criativo e apaixonado jornalista.
Na impossibilidade de estar presente no seu funeral, reitero-vos a minha profunda emoção e sentidas condolências


«Avante!» Nº 1272 - 16.Abril.1998