Colômbia
Guerrilheiros contra EUA
As Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (FARC) apelaram ao Exército de Libertação Nacional (ELN) para a concretização de uma união contra «a presença de agentes dos Estados Unidos na Colômbia».
Num comunicado divulgado no início desta semana, as FARC afirmam que «a ingerência do imperialismo nos assuntos internos valida e justifica plenamente a luta revolucionária armada», uma acção com o objectivo de «derrotar a ira e a avareza dos capitalistas».
Segundo diversos analistas, os EUA preparam-se, de
facto, para se envolverem no conflito interno colombiano.
A edição de sexta-feira do jornal Washington Post refere um documento dos
serviços secretos militares norte-americanos que afirma que as guerrilhas estão prestes
a tomar a Colômbia. Segundo esta previsão, essa vitória teria lugar dentro de cinco
anos, caso o exército colombiano não recebesse nenhuma ajuda externa num curto espaço
de tempo.
Hoje em dia, as forças armadas do país, consideradas por Washington como mal treinadas e
mal equipadas, já recebem participação técnica e conselhos de assessores militares
oriundos dos Estados Unidos.
Na opinião de organizações de direitos humanos, os EUA preparam uma espécie de guerra encoberta, usando como pretexto a repressão contra o narcotráfico. Tanto as FARC como o ELN foram colocados pelas autoridades norte-americanas na lista das organizações terroristas mais perigosas do mundo, e o termo «narcoguerrilha» tem sido usado cada vez com mais frequência. Mais recentemente, Washington afirmou que a questão colombiana é um problema de segurança de toda aquela zona.
Para o presidente colombiano, as informações sobre
as guerrilhas «não passam de uma fábula». Ernesto Samper afirmou que não está
disposto a aceitar ajuda externa. «Não solicitamos, não procuramos nem tão pouco
apelamos a ajuda militar estrangeira para combater a insurgência armada. Desejamos a
participação internacional para fazer a paz, não para aprofundar a guerra», declarou
na segunda-feira.
Nas palavras do ministro da Defesa, trata-se de «uma estratégia para vender jornais nos
dias santos». «É um documento absurdo, pouco sério, elaborado por ignorantes e
maliciosos que empreenderam uma campanha hostil para desencorajar o investimento
estrangeiro na Colômbia», acrescentou.
A situação interna no país agrava-se. Na segunda-feira, registou-se um combate entre as forças armadas e guerrilheiros das FARC, no município de Restrepo, na zona em que há cerca de um mês se encontram sequestrados três cidadãos americanos e um número indeterminado de colombianos pela mesma organização. Onze militares e onze guerrilheiros morreram na sua sequência.