Greve na Petrogal foi «novo marco»


A comissão de trabalhadores da Petrogal considerou como «novo marco memorável» a greve levada a cabo na semana passada, exigindo que a administração aceite, «como responsavelmente já reconheceram vários quadros superiores, nomeadamente dirigentes das refinarias, que agora nada poderá ser como antes de 14 de Maio».

A CT refere alguns factos demonstrativos da grande adesão à greve: parques totalmente paralisados; mais de 90 por cento de grevistas na fábrica de combustíveis da refinaria do Porto e nas fábricas I e II da refinaria de Sines, tal como nas fábricas de aromáticos e óleos; cem por cento de adesão nos turnos da Segurança e nos dois laboratórios da refinaria do Porto, bem como nas centrais/utilidades de Sines e do Porto (exceptuando neste o último turno, com 70 por cento) e nos turnos da movimentação de produtos de Sines e do Porto (excepto, aqui, o último turno); paralisação total nas expedições de carros-tanque da refinaria do Porto (excepto um trabalhador); suspensão total do fornecimento ao pipe-line Sines-Aveiras; anulação das cargas e descargas de navios nos terminais portuários de Leixões e Sines; «e tanto, tanto mais, até à extraordinária adesão dos trabalhadores da CLC, bem como dos mais diversos sectores de serviços».

A CT e as diversas organizações sindicais da empresa, reunidas segunda-feira, propuseram à nova administração uma reunião, ainda durante a corrente semana, dando disso conhecimento à Comissão Executiva da Petrogal e retomando pedidos de audiência já feitos a nível do Governo. Até dia 27 vão realizar «novas iniciativas de informação e debate, incluindo a realização de plenários», para analisar a situação e seus desenvolvimentos.

A luta na Petrogal – segundo uma nota da Fequifa/CGTP – tem por motivos a defesa do emprego (só em 1997 foram mandados para o desemprego mais de 600 trabalhadores), uma política salarial justa (há diferenças de dezenas de contos em salários que correspondem a funções idênticas e, em 1998, foi imposto um aumento geral de 2,2 por cento, enquanto o «mérito» individual chegou a merecer aumentos de mais 4 por cento), uma justa comparticipação nos lucros, redução e reorganização do tempo de trabalho, um plano de carreiras digno, um subsídio de penosidade e perigosidade, e mais segurança no trabalho (prejudicada pela entrega da manutenção a terceiros e pelo aumento da carga e ritmos de trabalho).


«Avante!» Nº 1277 - 21.Maio.98