Professores reafirmam a via da luta


No 6º Congresso Nacional da Fenprof foi aprovada a realização de uma manifestação nacional no próximo dia 29 e foram admitidas outras formas de luta, entre as quais uma greve nacional ainda antes do final do ano lectivo.

O Congresso Nacional dos Professores decorreu em Braga, de quarta a sexta-feira da semana passada, sob o lema «Uma educação e uma escola para o século XXI» e com especial acento colocado na exigência de revalorização da carreira docente. Em foco estiveram também reclamações antigas e ainda não satisfeitas pelo Governo saído das eleições de 1995, como a contagem integral do tempo de serviço dos docentes, o Estatuto da Carreira Docente e a autonomia e gestão democrática.

A moção que propõe aquelas acções de luta classifica como muito insatisfatórias e globalmente negativas as mais recentes propostas do Ministério da Educação. Logo na intervenção de abertura, Paulo Sucena (reeleito neste congresso secretário-geral da Fenprof) aproveitou para sugerir ao ME «que rasgue a proposta de emendas ao ECD, na parte respeitante à estrutura da carreira e à grelha salarial, e apresente rapidamente uma verdadeira proposta de revalorização da carreira, aguardada quase há dez anos pelos educadores e professsores de Portugal».

Paulo Sucena sublinhou que «não há futuro para Portugal, se não se reduzir drasticamente a clivagem existente entre a educação exigida pelo mundo contemporâneo e pelo futuro próximo e aquela que o sistema educativo português tem oferecido». Defendeu «uma concepção de escola e de educação ao serviço da vida e dos homens, e não apenas do mercado, o que implica a reivindicação de uma nova política para uma escola nova, que recoloque o ensino público e a sua mais alta qualidade no centro das atenções e da mobilização de energias colectivas».

Neste «congresso aberto à sociedade» e não apenas «inclinado para o mundo docente e para os problemas educativos e profissionais», Paulo Sucena apelou a que os professores não se deixem «embriagar pelas luzes da Expo, nem pela música do euro». Numa Fenprof que «é um espaço de firmeza e de combate» e dirigindo-se a docentes que «não consideram como irreversível o processo de mundialização da economia, desenvolvido sob a desfraldada bandeira do capitalismo de mercado liberalizado, desregulamentado, privatizado e ferozmente competitivo», o sindicalista propôs a preparação de um conjunto de iniciativas no próximo ano lectivo para assinalar os 25 anos da revolução de Abril.


«Avante!» Nº 1277 - 21.Maio.98