Organização
Mundial de Comércio
sob fortes protestos em todo o mundo
A segunda Conferência Ministerial da Organização Mundial de Comercial (OMC) teve início na passada segunda-feira, ao mesmo tempo que se realizavam centenas de protestos em todo o mundo.
Segundo dados da Acção Global dos Povos (AGP), milhões de pessoas de todos os sectores sociais - onde se incluem camponeses, índios, trabalhadores, grupos étnicos e desempregados - expressaram a sua condenação contra a OMC, o sistema multilateral de comércio e o neoliberalismo, participando em jornadas de protesto a nível internacional que principiaram no dia 1 de Maio.
No sábado, teve lugar uma «festa global» em 38 cidades, entre as quais Genebra, Birminghan (onde teve lugar a cimeira do G-8), Sidney, Praga e Toronto. De acordo com os organizadores, cada iniciativa contou com a participação de vários milhares de pessoas.
No fim de semana, no Brasil, 40 mil camponeses do movimento «Sem-Terra» chegaram a Brasília, integrados em várias marchas, a que se juntaram 10 mil desempregados na segunda-feira. Para ontem estava prevista a realização de uma manifestação na zona governamental da capital.
Na Índia, no início da semana, tiveram lugar 23 conferências regionais contra a OMC, depois de se terem realizado cerca de 100 acções de cariz semelhante no sábado. No dia 1, centenas de milhares de camponeses e operários sairam às ruas para exigir que o seu país se retire daquele organismo.
De acordo com uma nota da AGP, terão decorrido nos Estados Unidos, na segunda-feira, «acções concretas contra centros simbólicos do capitalismo global e do Comércio da Morte, como é o caso do gabinete comercial da empresa de armamento Lokheed».
Repressão contra protestos
Os protestos levados
a cabo em Genebra tiveram como resposta uma repressão
considerada «grotesca» pela Acção Global dos Povos.
«Arbitrariamente a polícia controla, detém e mantém presas
durante horas as pessoas de toda a cidade sem nenhuma base legal.
Estrangeiros que não trazem dinheiro "suficiente"
consigo passam a ter ficha na polícia, são deportados e
proíbidos de regressar ao país», lê-se no comunicado.
Muitas pessoas foram gravemente feridas pelas autoridades, e pelo
menos um indivíduo encontra-se nos cuidades intensivos devido a
uma hemorregia interna.
Mas as acções policiais não se ficaram por aqui. Os participantes da caravana «Dinheiro ou Vida» proveniente da Alemanha, bem como 40 italianos que chegaram a Genebra de comboio foram detidos e expulsos do país.
Durante o regresso do equipamento e dos veículos da caravana, 10 pessoas foram detidas, incluindo um jornalista suíço e um jornalista alemã. «Estas pessoas tiveram de permanecer várias horas com um intenso frio num bunker onde estiveram retidos. Posteriormente, foram pressionados a assinar um documento escrito em francês, que os declarava culpados de ter participado em todas as acções e manifestações», explica a CGP.