Confrontos marcam aniversário de Israel
«Nós
lançamos pedras, eles disparam balas»
O 50º
aniversário da «Al Nakba» - o dia da criação do Estado de
Israel - foi marcado pela tragédia.
Na quinta-feira, dez palestinianos morreram e mais de 400 ficaram
feridos em confrontos com as forças de segurança hebraicas, um
número que pode ser visto como um simbolo da luta dos
palestinianos desde 1948.
Segundo fontes
policiais palestinianas citadas pela agência Lusa, sete pessoas
morreram e doze ficaram gravamente feridas depois de terem sido
atingidas na cabeça com balas reais por atiradores de elite
israelitas.
«Nós lançamos pedras, mas eles disparam balas reais e de
borracha», declarou à imprensa um jovem palestiniano. «O
massacre que o governo israelita cometeu hoje prova que os
palestinianos precisam de segurança e que a única garantia é a
retirada total dos israelitas das nossas terras», disse por seu
lado o ministro da informação da Autoridade Palestiniana,
Yasser Abed-Rabo.
No mesmo dia, em
Gaza, Yasser Arafat pediu «uma paz verdadeira, justa e global».
«Não somos refugiados em busca de piedade ou de esmola, mas um
grande povo que faz parte de uma grande nação», afirmou o
presidente palestiniano, acrescentando: «Reclamamos os nossos
direitos, e o direito ao regresso é sagrado para nós».
«Não pedimos a lua. Pretendemos virar para sempre a página da
primeira "Al Nakba" para que os refugiados regressem a
casa, para que possamos construir um Estado palestiniano
independente na nossa terra como fazem os outros povos, e
celebrar esse acontecimento na nossa capital eterna:
Jerusalém», defendeu.
«A pátria é muito mais do que uma pedra, uma árvore ou o mar,
é a soberania e a liberdade. Não somos convidados neste mundo,
mas parceiros de parte inteira e essa parceria não se realizará
plenamente enquanto não tivermos uma pátria como todas as
pátrias», sustentou Arafat.
Entretanto, a Liga Árabe instou todos os países árabes a apoiar os líderes palestinianos a criar um Estado independente. No mesmo dia, uma organização israelita de defesa dos direitos humanos divulgou que os serviços secretos de Telavive torturam 85 por cento dos presos palestinianos que interrogam.