Têxteis em crise


 

Foi ontem votado no Parlamento Europeu o Relatório sobre a Competitividade do Sector Têxtil e do Vestuário elaborado pelo deputado comunista Sérgio Ribeiro que, para o efeito, se deslocou ao distrito da Guarda, onde teve oportunidade de visitar algumas empresas e colher informação.

Na Gartêxtil, empresa de vestuário sediada na Guarda, sobressaíram as preocupações dos trabalhadores com o vazio de gestão actualmente existente. É que, sem qualquer explicação aos trabalhadores, a Carveste, que por despacho do Juiz deveria ter entrado na empresa há mais de um ano, continua sem o fazer, razão por que os trabalhadores temem o não recebimento do salário de Maio e o atraso na marcação de férias.
Trata-se de um processo sobre o qual o Grupo Parlamentar do PCP irá requerer ao Governo a clarificação e a assunção das responsabilidades assumidas em Tribunal.
Na TLC, os trabalhadores reafirmaram a sua disposição de não retomar o trabalho sem receberem os 50% em dívida do subsídio de Natal e do mês de Abril, que eleva para 16 o número de salários em atraso.
Na conversa com a Administração da TLC, foi salientada a enorme capacidade técnica instalada nesta empresa e a reduzida produção que as indefinições e falta de medidas concretas estão a ocasionar.
Entretanto, uma vez que as três propostas existentes de aquisição da empresa apontam para a redução dos postos de trabalho, o PCP alertou para a necessidade da defesa dos interesses dos trabalhadores que, com a sua luta e sacrifício, têm conseguido manter a empresa de pé.

Sérgio Ribeiro levou do distrito um «quadro mais claro das potencialidades e debilidades do sector têxtil» mas ficou sobretudo preocupado com os «efeitos socialmente negativos» que a crise terá sobre «uma região ainda altamente dependente da monoindústria dos Têxteis e Vestuários».


«Avante!» Nº 1278 - 28.Maio.98