Ferroviários em luta
Comboios
páram amanhã
Amanhã, sexta-feira, os comboios não vão circular em consequência de uma greve de 24 horas convocada pela Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Ferroviários para todas as empresa do sector.
Entre as principais razões evocadas, a Federação refere os baixos salários do sector, os subsídios de alimentação «miseráveis» para além de várias discriminações na atribuição do subsidio de turno, dos prémios diários e anuais, com diferenças que atingem o triplo e o dobro respectivamente, e no conceito de deslocação. O sistema de avaliação profissional é considerado tenebroso e as negociações do regulamento de carreiras estão «esquecidas», mas entretanto, os sindicatos registam, tentativas de rescisão dos contratos, eliminação de postos de trabalho, retirada de direitos, escalas ilegais e precariedade de emprego. Estes são os resultados de uma política que «em nome da modernização, está a conduzir ao desmembramento do Caminho de Ferro», afirma a federação sindical.
Caminhos retalhados
Por seu lado, a
Célula do PCP no Sector Ferroviário denuncia o agravamento das
injustiças e apela ao reforço da luta, sublinhando que a
política de retalhar o caminho de ferro, seguida pelo Governo PS
e pela administrações por si nomeadas, através da criação de
empresas e autonomização de sectores tem como principal
objectivo a redução de milhares de postos de trabalho e a
eliminação dos principais direitos consagrados no actual acordo
de empresa, para depois a privatizarem.
Os baixos salários e o aumento das desigualdades caracterizam
ainda a prática das administrações do sector que tematm impor
um tecto salarial de três por cento. Porém, a Célula recorda
que os trabalhadores da Carris lutando em unidade, conseguiram
aumentos médiso de 4,1 por cento, e os do Metro, entre outras
coisas, obtiveram um aumento de 400 escudos por dia no subsídio
de alimentação.
Estes exemplos mostram, segundo os ferroviários comunistas, que
«são no mínimo vergonhosas as tentativas de imposição de
valores que não repõem o poder de compra», assim como
constituem «uma grosseira provocação» as discriminações nos
prémios tentando criar deliberadamente divisões nos
trabalhadores.
A Célula exige a negociação dos regulamento de carreiras e o
abandono do «acordo fantoche feito com a UGT em 1993» e apela
à participação nas acções de luta contra a tentativa de
revisão das leis laborais assim como na greve marcada para
amanhã.
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Limpeza em greve
O pessoal da Iberlim e da Limpar realizou, com fortes níveis de adesão, vários períodos de greve entre sexta e segunda-feira. Um dirigente do STAD/CGTP, em declarações à Agência Lusa, acusou a administração da Limpar, que presta serviço à TAP, de «falta de diálogo social». Adiantou que 74 trabalhadores têm processos disciplinares e uma delegada sindical está suspensa, há quase quatro meses, por uma mera questão de fardamentos.
Francisco Corredor explicou que os funcionários da Limpar têm de trabalhar a temperaturas muito variáveis, pelo que usavam casacos de malha pessoais no interior dos aviões. Quando a administração proibiu o uso de casacos, houve trabalhadores que exigiram fardamentos adequados. Esta exigência valeu-lhes de imediato processos disciplinares - afirmou.
Durante a greve, segunda-feira, os trabalhadores decidiram concentrar-se junto das bombas da BP no aeroporto de Lisboa.
A greve da Iberlim/Asser iniciou-se sexta-feira e, até segunda, deveria totalizar 48 horas de paralisação em várias estações da CP e do Metropolitano, na Carris no Aeroporto de Lisboa. Trabalhadores em greve concentraram-se segunda-feira em Santa Apolónia. Neste caso, os grevistas pretendem que sejam aplicados os acordos de higiene e segurança social, nomeadamente a cláusula que estipula a vacinação contra a hepatite C, uma vez que quando limpam as carruagens encontram frequentemente seringas.
Exigem também instalações adequadas para as mulheres da limpeza mudarem de roupas e tomarem as suas refeições e que sejam respeitados os horários de 40 horas semanais em vigor na empresa disse o dirigente do STAD.
Sodia suspende
Na ex-Renault de
Setúbal foi suspensa segunda-feira a greve por tempo
indeterminado que os trabalhadores cumpriam havia uma semana.
Manuel Véstias, da CT da Sodia, disse à Lusa que a greve foi
levantada por terem sido dadas algumas garantias aos
trabalhadores na reunião de sexta-feira com o secretário de
Estado Vítor Ramalho, nomeadamente quanto ao valor das
indemnizações mínimas.
«Podemos porém voltar à greve caso assim o necessitemos»,
advertiu o representante dos trabalhadores.