Célula do PCP na CM do Seixal
Organizar para melhor intervir



Depois da reunião do Comité Central, em Fevereiro, e das orientações então definidas no sentido de dar um novo impulso à organização do Partido, a DORS do PCP destacou quadros e tomou as medidas adequadas à reestruturação de cada célula e sector, sendo que a dos Trabalhadores da Câmara Municipal do Seixal se destaca pela evolução positiva que tem vindo a sofrer.

A Célula dos Trabalhadores da Câmara Municipal do Seixal, apesar dos seus mais de trezentos militantes, desde 1995, altura em que realizou a sua 7ª Assembleia, encontrava-se praticamente inactiva.
De um secretariado de 15 camaradas restavam apenas 4 ou 5 e uma grande inércia e desmotivação perpassava toda a célula, impedindo uma intervenção regular, dinâmica e mobilizadora dos comunistas no seu local de trabalho.
Um problema fundamentalmente de organização que não existia apenas naquela célula e que a DORS decidiu atacar, considerando 1998 como o «ano da organização».
Em Março último meteu «mãos à obra» e, apenas dois meses depois, o secretariado da célula da CMS tem já 12 camaradas, todos com tarefas distribuídas, e reúne semanalmente.
Definiram-se planos de trabalho e objectivos, fez-se o levantamento à situação da Câmara - que afinal quase não era conhecida - e, face à existência de 48 locais de trabalho distribuídos por várias freguesias, iniciou-se a reestruturação da célula que, neste momento, tem já vários núcleos a funcionar e outros em fase de estruturação.
Quando se começou a fazer o levantamentos dos militantes, a contactá-los individualmente e a actualizar dados, constatou-se que muitos deles não eram contactados há 7, 8 e até 10 anos.

Neste momento, 70 por cento dos militantes estão contactados, todos se mostrando disponíveis para trabalhar, de acordo naturalmente com as suas possibilidades, e para actualizar a sua quotização. A venda do «Avante!» passou de 24 para 43 e a do «Militante» de 11 para 17, realizaram-se 4 plenários de células, com a presença de 118 camaradas. Prestaram-se contas que há muito se mantinham em aberto.
Foi ainda apontado o recrutamento para a célula de 10 militantes até ao final do ano mas dois meses bastaram para que 16 e não 10 trabalhadores aderissem ao Partido.
Ao mesmo tempo, a célula participou na actividade geral do Partido e nas grandes mobilizações de massas, como o 25 de Abril e 1º de Maio, estando já a funcionar com vista à sua participação na Festa do Avante - com tarefas definidas e distribuídas. Sendo que a meta de venda de 400 EPs, estabelecida em 4 de Maio, atingiu neste momento os 25%, ou seja, estão já vendidas e com dinheiro entregue 100 EPs.

Tudo isto a par ainda da preparação da 8ª Assembleia, que se realiza no próximo dia 7 de Junho, com a participação de Jerónimo de Sousa, que tem absorvido uma grande parte das energias da célula.

Manuela Oliveira, técnica auxiliar de Turismo e José Dias, motorista, ambos trabalhadores da Câmara foram os dois militantes da célula que relataram ao «Avante!» esta experiência de trabalho, que tão positiva se tem revelado mas que «também se deve a um grande esforço de trabalho e organização».
José Dias, que até Março último não pertencia ao Secretariado, lembra que durante o período de inactividade da célula, ele próprio se impunha a recolha de quotizações, o que fazia regularmente a 96 camaradas que, no princípio de 98 tinham as suas quotas todas em dia.
É um homem que não pára. Basta lembrar, por exemplo, em relação à Festa do «Avante!», que 50 das 100 EPs vendidas foram-no por ele, que... tem já outras dez encomendadas. Não há intervalo de trabalho ou momento de convívio que não aproveite para dinamizar o trabalho
Manuela Oliveira, que se havia inscrito no Partido em 1989, só em Março, quando da redinamização da célula, teve o seu cartão e começou a participar na vida partidária, pertencendo hoje ao secretariado da célula, para que foi cooptada.
Explica que o êxito do trabalho organizativo, que com tanto entusiasmo estão a realizar, reside em parte no facto de haver um grande trabalho colectivo e de entreajuda. É que as tarefas são distribuídas de acordo com as características de cada camarada, o que, facilitando o empenho e o gosto pela tarefa, traz acrescidas garantias de êxito.
São muitas horas de trabalho, dizem estes militantes, mas compensa. E, contrariamente ao que muitos advogam - o abandono de princípios, de métodos, de linguagem, de formas de trabalho -, a sua experiência tem servido para comprovar na prática a validade de alguns métodos tradicionais de contacto directo com os trabalhadores, de ligação estreita aos seus problemas. E usar esses métodos para recrutar cada vez mais, rejuvenescer o Partido e injectar-lhe sangue novo.
Aos que «profetizam o fim do comunismo», Manuela Oliveira e José Dias dizem que o PCP tem todo um futuro pela frente. Basta que na luta se esteja, como o próprio lema da 8ª Assembleia da Célula dos Trabalhadores da Câmara Municipal do Seixal defende: «Firmes nos princípios, unidos na acção, reforçar o Partido».


«Avante!» Nº 1279 - 4.Junho.98