Hospital Amadora-Sintra
Uma gestão que lesa trabalhadores e utentes


A adopção de critérios exclusivamente economicistas, poupando a todo o custo nos gastos, descartando responsabilidades para outros hospitais e centros de saúde, tudo à custa dos seus profissionais e dos utentes, eis, em síntese, o modelo de gestão privada do Hospital Amadora-Sintra. A acusação é do deputado comunista Bernardino Soares, que levou o assunto a plenário, na semana transacta, na habitual sessão de perguntas ao Governo.

Descrevendo o quadro relativa ao pessoal, lembrou que na sua maioria o vínculo existente é de natureza precária, encontrando-se um terço dos profissionais em situação de falsos recibos verdes. Lembrado por Barnardino Soares foi ainda o facto de muitos dos profissionais serem funcionários do Serviço Nacional de Saúde e de se encontrarem a trabalho naquele estabalecimento hospitalar em acumulação de funções.

Na réplica, o secretário de Estado da Saúde afirmou que estava em curso a elaboração do quadro de pessoal, comprometendo-se, por outro lado, a fazer uma avaliação mais rigorosa do Hospital e da sua gestão privada.

No mínimo estranha foi, porém, a sua resposta à questão levantada pelo deputado comunista quanto à Segurança Social. Instado a pronunciar-se sobre a dívida da entidade gestora do Hospital à Segurança Social, cujo valor, segundo Bernardino Soares, atinge já os 350 mil contos, aquele membro do Governo limitou-se a dizer que o assunto não era com ele.

Como nada disse quanto à articulação existente entre o Hospital e os centros de saúde e quanto a alguns dos procedimentos que tem vindo a adoptar, como seja, por exemplo, o do envio frequente de doentes da sua área para os hospitais de Lisboa.

Por esclarecer ficaram assim, por exemplo, entre as questões concretas levantadas pelo parlamentar do PCP, as queixas de utentes em relação a grandes listas de espera na consulta externa, a escassez de informação que chega aos centros de saúde dos doentes provenientes do Hospital, as altas a doentes não establizados assim encurtando a sua permanência naquela unidade de saúde, ou o envio de doentes para os centros de saúde para efectuarem os meios complementares de diagnóstico e terapêutica (análises, radiografias, etc), poupando o Hospital deste modo na sua facturação.


«Avante!» Nº 1279 - 4.Junho.98