Ulster
Graves
incidentes
entre católicos e protestantes
Catorze feridos, entre os quais onze agentes das
forças de segurança, é o resultado dos violentos confrontos
registados no fim-de-semana na Irlanda do Norte, na sequência
duma carga policial sobre manifestantes republicanos que
pretendiam impedir um desfile orangista. Os incidentes fazem
temer um retrocesso no processo de normalização das relações
entre protestantes e católicos no Ulster.
Menos de um mês depois do referendo que ratificou os acordos de paz para a região, as tradicionais marchas da Ordem de Orange (organização lealista à coroa britânica que comemora antigas vitórias dos monárquicos sobre os republicanos) ameaçam todo o processo. Os católicos, na sua maioria republicanos, consideram uma provocação as marchas, que insistem em passar nos bairros católicos; os orangistas, reivindicam o direito de se manifestarem e recusam alterar os percursos dos seus desfiles. No sábado, a marcha da secção juvenil da Ordem de Orange, em Portadown, foi bloqueada por manifestantes republicanos e os confrontos não se fizeram esperar.
A polícia carregou sobre os manifestantes, respondendo com balas de borracha aos «cocktails molotovs» e à chuva de pedras com que os seus agentes foram atacados. Segundo o responsável máximo da corporação, Ronnie Flanagan, uma resposta «absolutamente apropriada» e de grande «contenção» face aos acontecimentos.
Recorda-se que Portadown é o centro de operações dos paramilitares da Força de Voluntários Lealistas (LVF), onde se acolhem os membros mais radicais da Ordem de Orange. Por isso todos temem agora o que pode acontecer amanhã, quando a marcha dos orangistas sair à rua. Até à hora do encerramento da nossa edição católicos e protestantes não tinham chegado a acordo para evitar novo surto de violência.
A situação é tanto mais preocupante quanto se sabe que os grupos republicanos dissidentes chegaram a acordo para conjugar esforços no sentido de fazer fracassar o processo de paz. Segundo notícias veiculadas na imprensa, facções até agora antagónicas - o IRA Continuidade (CIRA), o Exército Nacional de Libertação Irlandesa (INLA) e o IRA Real (RIRA), que se opõem ao acordo de Belfast - decidiram partilhar recursos técnicos e humanos para inviabilizar os acordos.