Dinarmarca
Um país dividido


 

A Dinamarca continua dividida ao meio no que respeita à sua participação da União Europeia. Chamados a pronunciar-se em referendo, na quinta-feira, sobre o tratado de Amesterdão, os cerca de quatro milhões de dinamarqueses reafirmaram a cisão existente no país: 55,1 por cento dos eleitores votaram a favor da ratificação, e 44,9 por cento votaram contra.

Comentando o resultado do referendo, o primeiro-ministro Poul Nyrup Rasmussen afirmou que a Dinamarca vai continuar fora do euro, dando prioridade a uma Europa mais próxima dos cidadãos.
«A adesão à moeda única europeia não é possível sem o acordo da população dinamarquesa e não prevemos um novo referendo nos próximos tempos», disse Rasmussen, sublinhando que a resposta da Dinamarca - que cumpriu todos os critérios de convergência - ao euro, é «uma política económica sã e responsável» e que o seu governo pretende reduzir o mais possível a margem de flutuação entre a coroa dinamarquesa e a moeda europeia.

Por seu turno, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Niels Helveg Petersen, garantiu que a Dinamarca vai agora empenhar-se em fazer do Tratado de Amesterdão «um instrumento válido para uma política mais próxima dos cidadãos», designadamente no que se refere ao emprego, meio ambiente, luta contra a fraude e o crime.

Na Europa, as reacções dos diferentes governos aos resultados do referendo foram de satisfação.

Também o presidente da Comissão Europeia, Jacques Santer, se manifestou «muito feliz» pelo resultado do referendo na Dinamarca, que «vai permitir ao governo ratificar o Tratado de Amesterdão». O presidente do Parlamento Europeu, José Maria Gil-Robles, considerou como uma «boa notícia para toda a União» este resultado, uma vez que permitirá a entrada em vigor do Tratadodentro de «alguns meses», permitindo «assim um aumento considerável das competências do Parlamento Europeu».

Foi a quinta vez que os dinamarqueses foram às urnas para se pronunciarem sobre a Europa, desde a sua entrada no Mercado Comum há 25 anos. Em Maio de 1993 aprovaram o Tratado de Maastricht por 56,7 por cento dos votos, após o terem rejeitado um ano antes por 50,7 por cento dos sufrágios. A mudança deveu-se ao facto de terem obtido uma série de «derrogações», designamanete quanto à moeda únida, a defesa, a cidadania e a cooperação policial, que esvaziam grandemente o alcance interno do tratado.


«Avante!» Nº 1279 - 4.Junho.98