Repetiu-se forte adesão no dia 12
Amanhã a CP
pode voltar a parar



Foram requisitados 294 autocarros, segundo o porta-voz da CP, para tentarem suprir as ligações suburbanas em Lisboa, Porto e Coimbra, afectadas pela forte adesão dos ferroviários à greve da passada sexta-feira.

Tal como no dia 29 de Maio, a paralisação quase total foi tão evidente que nem pôde ser contestada. O Governo e o Conselho de Gerência da CP (e as administrações da Refer e Emef) têm presente a forte contestação que a sua política está a ter entre os trabalhadores da ferrovia nacional e, em resultado desta nova greve, convocaram para ontem uma reunião com a FSTFP/CGTP. A federação mais representativa do pessoal do sector, não menosprezando a importância que a reunião poderia ter, manteve, no entanto, o pré-aviso de greve para amanhã.
Não será certamente indiferente a esta atitude o facto de, confrontado com a marcação das greves, o CG da CP ter convocado os sindicatos e a federação «para uma série de reuniões com o objectivo claro de suspender a luta, não avançando absolutamente nada relativamente às grandes questões», como acusava o Sindicato dos Ferroviários do Centro num comunicado em que apelava à paralisação no dia 12.
O sindicato notava ainda que o CG, naquelas reuniões, «disponibilizou 200 a 300 mil contos para o subsídio de refeição e para tímidas alterações de alguns índices escalonares (defendemos que devem ser imediatamente aplicados), dando-nos razão quando, na altura do fecho das negociações do Acordo de Empresa por parte de outros sindicatos, afirmámos que se podia e devia ir mais longe».

Além dos aumentos salariais, que se ficaram pelos 3 por cento, a FSTFP e os sindicatos querem acabar com situações de discriminação na atribuição de prémios e nas avaliações profissionais e exigem o início de negociações de um regulamento de carreiras que já deveria estar acordado em 1996.

Manifestando total apoio à luta, o organismo dos Ferroviários da DOR do Porto do PCP considerou as elevadas adesões às greves como expressão de «uma enorme vontade de defender direitos conquistados e que se encontram ameaçados».

_____


Cães-polícia
contra camionistas

A greve de motoristas de pesados marcada para segunda-feira foi suspensa pela Festru/CGTP, que denunciou pressões e violência por parte da GNR, em Vilar Formoso. Amável Alves referiu aos jornalistas que, durante a madrugada, foram intimidados camionistas e dois destes foram mesmo mordidos por cães-polícia. Sublinhou que a suspensão da greve não quer dizer que a razão dos trabalhadores não se mantenha nem que a Festru desista de reivindicar melhores condições de trabalho, sociais e salariais. Amanhã são retomadas negociações com as associações patronais, e os sindicalistas admitem novo recurso à luta.
O comandante distrital da Guarda da GNR disse à Lusa que houve «incitação» dos cães pelos manifestantes, daí a resposta destes. Não chegou a dizer que algum dos motoristas tenha mordido um cão. Talvez para a próxima...


«Avante!» Nº 1281 - 18.Junho.98