Caravana de
solidariedade com Cuba
Duas centenas de activistas da Associação Portugal-Cuba
dos núcleos de Almada, Setúbal, Lisboa e Porto acompanharam
desde as suas cidades de origem noventa toneladas de material
escolar, roupas, mobiliário e outro material, com que quiseram
ser solidários com Cuba e condenar o bloqueio dos EUA à ilha.
Na "Xornada de Solidariedade Galego-Portuguesa em Cuba" que a Associação de Amizade Galego-Cubana "Francisco Villamil", o "Canto Xeral" por Cuba e o Comité Universitário "Praia Giron" convocaram para junto do monumento a José Marti, em Vigo, a representante da Associação de Amizade Galega e saudar o movimento de solidariedade português, acentuou o carácter de solidariedade internacionalista entre povos irmãos que o acto representava.
A representante da Galiza historiou as relações Galiza-Cuba, desde a guerra de Espanha-EUA, da "insurreição independentista" de José Marti e Máximo Gomez de 1895 até à revolução cubana de 1959 que abriu um novo caminho nas relações entre os povos de Portugal, Galiza e Cuba.
O Dr. Pedro Noronha,
do núcleo de Almada da Portugal-Cuba acentuou o esforço dos
activistas da Portugal-Cuba, quer na recolha, quer na
planificação e na classificação dos materiais e
posteriormente do seu armazenamento e transporte.
O Dr. Pedro Noronha fez ainda questão de acentuar que muitos
amigos de Cuba sem partido e mesmo não associados da
Portugal-Cuba, colaboraram de diversas formas quer fornecendo
material, transporte ou mesmo "deslocando-se a Vigo com o
seu camião". No mesmo acto, o empresário Mário Peixoto,
do núcleo de Setúbal da Portugal-Cuba, recordou o entusiasmo
com que os núcleos locais têm desenvolvido as suas próprias
iniciativas de solidariedade e destacou a diversidade de
contributos vindos de pessoas de todos os sectores sociais para a
campanha.
Humberto Hernandez Reinoso, Cônsul de Cuba na região da Galiza, agradeceu em nome do povo cubano a magnífica prova de solidariedade à revolução cubana e ao seu povo: "Mais do que a solidariedade material é o vosso entusiasmo e os olhos alegres embora cansados da grande viagem que fizestes que nos traz ânimo e coragem para continuar a nossa luta e a nossa revolução" frisou o Cônsul de Cuba.
Embaixador de Cuba
despediu-se da caravana
Na Praça de Espanha, em Lisboa, a Embaixadora de Cuba em Portugal despediu-se dos activistas com uma declaração oficial de agradecimento em nome do Estado cubano, sublinhada com palavras pelos participantes presentes.
Durante a noite de 9
para 10 de Junho muitos dos activistas de Almada e Setúbal, que
há vários dias embalavam os materiais de solidariedade,
passando-os de armazéns para os contentores onde pintavam
palavras de ordem contra o bloqueio, não dormiram a carregar
contentores para camiões e partiram alegremente para a estrada.
Durante a viagem, os activistas foram fazendo declarações para
as rádios locais dos distritos por onde passavam, destacando-se
aí em particular, o entusiasmo com que as redacções das
rádios locais recolheram declarações a partir dos telemóveis
dos activistas e fazendo-as ir "para o ar" à passagem
da Caravana.
Em Aveiras de Cima fez-se a primeira grande concentração
proveniente de Setúbal, Almada, Lisboa e Évora e era notório o
entusiasmo com que os activistas das várias regiões
confraternizavam.
Sandra Elias, 19 anos, activista da Portugal-Cuba, quis
sublinhar, sobre o ambiente que se vivia: "Estamos a ser
colectivamente solidários com uma causa que é de todos nós,
amigos do povo cubano. As crianças de Cuba merecem todo o nosso
apoio".
Na estação de serviço de Carvalhas, no Porto, deu-se o
reencontro com os activistas do núcleo do Porto da Associação
de Amizade Portugal-Cuba. Os jornalistas que integravam a
Caravana e as equipas de reportagem da televisão tiveram então
uma primeira ideia sobre a solidariedade global transportada para
Vigo: "São um conjunto de camiões provenientes em especial
de Almada e Setúbal a que se quiseram associar activistas de
Lisboa, Porto e Évora. Trata-se de material escolar
(esferográficas, giz, sabão, mobiliário, cadernos escolares),
um parque infantil completo, material do mais diverso e das mais
diversas origens, que no seu conjunto representa mais de 90
toneladas" esclareceu-nos Paulitos, do núcleo de
Almada.
Celeste Amorim, do mesmo grupo, frisava o caracter de
"trabalho colectivo, solidário" que representava esta
Caravana.
Um grupo de membros do Conselho português para a Paz e
Cooperação, também presente na iniciativa, explica-nos a sua
participação: "Desde a primeira hora o CPPC é membro da
Comissão Nacional Contra o Bloqueio e tem vindo a participar em
todas as caravanas de Solidariedade" esclarece-nos
Idália Correia.
Depois do almoço em Valença a Caravana seguiu para Vigo, onde
chegou cerca das 17 horas. As dificuldades de acesso ao porto de
Vigo, no final de um dia de trabalho, atrasaram alguns dos actos
previstos para o porto e para a cidade.
No porto de Vigo, assistiram à descarga dos contentores os
activistas presentes e ainda os representantes das Associações
de Amizade Galegas, e os representantes oficiais de Cuba em
Espanha.
À noite, no Café Odeon, em Vigo, uma jornada de solidariedade e
de confraternização, com canções portuguesas, galegas e
cubanas, permitiu um final de festa entre todos os activistas
presentes. Dançou-se e cantou-se até à madrugada. - J.J.
Louro