Berlim
Reunião de Partidos
de Esquerda da Europa



Em 5 e 6 de Junho realizou-se em Berlim uma nova reunião de Partidos de Esquerda da Europa em que participaram 19 forças políticas, quase todas ao mais alto nível.

O PCP esteve representado por Carlos Carvalhas, Secretário-Geral, Agostinho Lopes, membro da Comissão Política e Secretariado e Albano Nunes, membro do Secretariado e Responsável pela Secção Internacional. Em representação do Grupo Confederal de Esquerda Unitária Europeia / Esquerda Verde Nórdica no Parlamento Europeu participou Joaquim Miranda, Vice-Presidente do Grupo.

Na reunião propriamente dita, que teve lugar no dia 5 e foi aberta e concluída por Lothar Bisky, Presidente do PDS, foi abordado um amplo leque de questões, particularmente as relacionadas com a fase actual do processo de "construção", os problemas levantados pelo "euro" e o Pacto de Estabilidade, o próximo ano de eleições para o Parlamento Europeu, o problema do desemprego e outros problemas sociais que afectam duramente os trabalhadores e os povos da Europa. Evidenciou-se fortemente a vontade de prosseguir e reforçar a cooperação dos partidos presentes e, no respeito pela identidade respectiva, intensificar a acção comum ou convergente, tendo sido encaradas diversas iniciativas, nomeadamente em torno da luta pela redução do horário de trabalho para as 35 horas.


Festa Europa

No dia 6 teve lugar no centro de Berlim, junto a Alexander Platz, ao ar livre, um Festival organizado em conjunto pelo PDS e pelo jornal "Neusdeutchland". Nesta "Festa Europa", cujo momento mais alto terá sido o Comício final em que usaram da palavra os camaradas Lothar Bisky e Gregor Gysi, Presidente do Grupo Parlamentar do PDS, participaram muitos milhares de pessoas, apesar do calor intensíssimo que se fazia sentir. Ao longo de todo o dia houve espectáculos e debates - o camarada Carlos Carvalhas participou com outros partidos num sobre "União Europeia - clube fechado ?". Muitas dezenas de stands - de partidos estrangeiros convidados, organizações de solidariedade, estruturas do PDS e de Juventude - e pequenos restaurantes animaram o recinto. O PCP e o "Avante!" dispunham de um stand bem cuidado, com uma exposição legendada em alemão e em que era distríbuido um "Avantinho" também redigido em alemão e onde os camaradas Rui Paz, Luciano e Mário Pinto, que se deslocaram expressamente a Berlim para o evento, prestavam esclarecimentos aos numerosos alemães que se dirigiam ao espaço português.

Na iniciativa participaram os seguintes partidos: Partido do Socialismo Democrático da Alemanha; Partido Comunista da Áustria; Partido Comunista da Bélgica; Partido Progressista do Povo Trabalhador de Chipre (AKEL); Partido Popular Socialista, da Dinamarca; Esquerda Unida, de Espanha; Iniciativa por Catalunha, de Espanha; Aliança de Esquerda, da Finlândia; Partido Comunista Francês; Movimento dos Cidadãos, de França; Partido Comunista da Grécia; Synaspismos da Grécia; Partido Socialista da Holanda; Esquerda Democrática, da Irlanda; Partido da Refundação Comunista de Itália; Partido da Esquerda Socialista da Noruega; Partido Comunista Português; Partido da Esquerda da Suécia; e Partido Suíço do Trabalho.

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Um novo rumo
na construção europeia

A reunião em Berlim, realizada um ano antes das eleições europeias, a poucas semanas das eleições alemãs e no seguimento das iniciativas que se realizaram em Paris, Lisboa e Madrid, permitiu uma larga troca de opiniões sobre a situação social na União Europeia e sobre a luta dos trabalhadores e dos povos.
As questões relativas ao aprofundamento neoliberal da construção da União Europeia, o Euro, o papel do Banco Central Europeu, o Pacto de estabilidade, o desemprego, as ofensivas contra os direitos dos trabalhadores, a segurança europeia, estiveram no centro das atenções.

Nesta iniciativa foi manifestada a vontade clara de se intensificar a cooperação, nomeadamente no que respeita às próximas eleições para o Parlamento Europeu.

A intervenção do Secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, incidiu particularmente na importância das próximas eleições para o Parlamento Europeu, nas experiências positivas do Grupo existente e na necessidade de assegurar a sua continuação e reforço, na disponibilidade e interesse do PCP em examinar a possibilidade de iniciativas conjuntas na campanha eleitoral, desde algo tipo Plataforma, Apelo ou Manifesto, até à participação recíproca em iniciativas dos diferentes partidos. Exemplificou um grande leque de questões em que é possível e necessária a cooperação de forças representadas no Encontro e outras, tais como a luta pelas 35 horas (em que as diferenças de produtividade não devem impedir o apontar já do objectivo), a reorientação do Banco Central Europeu, questões de segurança (em que o "não" à NATO não implica a militarização da EU mas o exame do papel da OCSE) ... Sublinhou que o actual caminho de construção europeia vai contra os interesses dos povos, que o Pacto de Estabilidade é inaceitável havendo ainda três anos para lutar pela sua renegociação, no sentido do emprego, e da coesão económica e social.

No seguimento do debate foi decidido realizar uma reunião dos responsáveis das secções internacionais para se concretizar, no respeito e na soberania de cada força, um conjunto de campanhas e objectivos comuns no quadro da defesa de um novo rumo da integração europeia.

Lothar Bisky (PDS, Alemanha), que concluiu o debate, mencionou a vontade de todos de se concretizar uma "Plataforma" ou um "Apelo" para as eleições europeias bem assim como a realização de novos encontros nomeadamente pela ocasião das "Cimeiras" da União Europeia.


«Avante!» Nº 1281 - 18.Junho.98