Paris
Ensino
do português em debate
Promovido pelo Organismo de Direcção da Região de Paris do PCP, realizou-se naquela cidade um debate subordinado ao tema "Ensino da língua e cultura portuguesas: realidades e perspectivas".
O encontro contou com a participação de um leque muito vasto de pessoas ligadas e preocupadas com esta importante área de intervenção desde professores, jornalistas, jovens, assim como, membros de estruturas associativas e do Conselho das Comunidades.
O debate foi introduzido pelo camarada António Topa, do organismo de direcção do Partido na região de Paris, que salientou a importância e actualidade desta iniciativa na qual o Partido Comunista Português pretende dar a palavra e ouvir com atenção todos aqueles que se interessam por esta problemática, contribuindo para elaborar propostas com vista à resolução dos problemas existentes, numa área que ao longo dos anos tem vindo a ser desprezada pelos sucessivos governos de direita em Portugal.
O debate foi bastante participado, com variados pontos de vista que são o reflexo das experiências vividas pelos intervenientes. Sobressai dele uma grande preocupação pelo facto de não se verificar nenhuma medida de fundo por parte do Governo português que vá no sentido de travar a degradação do ensino de português no estrangeiro que continua à deriva, dependente nalguns casos da boa vontade de estruturas associativas e dedicação de professores, e, noutros casos, dependente das garras de gente sem escrúpulos que se aproveita das insuficiências do sistema e faz dos cursos de língua portuguesa um negócio bastante lucrativo.
Ideias consensuais
O debate deixou
transparecer algumas ideias consensuais sobre os cursos de
português em França, os quais não podem continuar, tal como à
20 anos atrás, unicamente orientados na perspectiva do regresso
a Portugal. Foram identificadas dificuldades em concretizar os
programas oficiais (nas 3 horas semanais) impostos pelo
Ministério e desinseridos da realidade; e foi referido que a
melhor solução é o ensino integrado, sendo preferível criar
cursos estáveis (em locais precisos) em vez de, no início de
cada ano, estar a alterar os locais em função do preenchimento
de horários dos professores. O debate considerou que o Governo
deveria dar mais atenção aos cursos dados nas associações e
acompanhá-los no plano pedagógico. Ao mesmo tempo, o Governo
deveria coordenar todos os cursos de português (público e
privado) de forma a travar a tendência para a sua degradação
deixando assim o campo aberto para o surgimento de cursos cujo
objectivo principal é o negócio.
O debate assinalou que muitos jovens de origem portuguesa que
não chegaram a frequentar cursos de português, demonstram hoje
interesse pela cultura portuguesa e por Portugal, apesar de
muitos jovens terem dificuldades em assumir a sua dupla cultura.
Os participantes salientaram ainda que o Governo português não
dá apoio o necessário, nem tem demonstrado ter vontade
política para promover o ensino português em França,
limitando-se a fazer a gestão da rede existente que mais não é
do que uma manta de retalhos.
Desde logo uma conclusão é possível retirar deste debate: o
Governo português tem de assumir plenamente as suas
responsabilidades nesta área, e deve ser mais interveniente na
defesa da integração do ensino da língua portuguesa no ensino
oficial francês.