Luta contra a droga em projecto de lei do PCP
Reforço
da prevenção em meio escolar
Aprofundar e generalizar as medidas de prevenção
primária da toxicodependência, designadamente no meio escolar,
constitui a grande aposta de um projecto de lei do PCP entregue
na passada semana no Parlamento. Nele se definem, concretamente,
princípios e linhas orientadoras precisas neste domínio da luta
contra a droga, apontando-se simultaneamente medidas de
intervenção em situações de risco e de reinserção social e
laboral de toxicodependentes.
Com este diploma, anunciado e apresentado por Bernardino Soares no Dia Mundial de Luta Contra a Droga, assinalado a 26 de Junho, o Grupo Parlamentar comunista visa contribuir para a superação das lacunas existentes no plano da política de prevenção, bem como da reinserção social dos toxicodependentes em recuperação.
De entre as
propostas por si preconizadas, destaque para a introdução de
actividades curriculares e extra-curriculares nos ensinos básico
e secundário, divulgadoras não apenas de estilos de vida
saudáveis mas também dos riscos e perigosidade associados ao
consumo de drogas.
"Suprir a quase completa ausência de formação superior na
área da toxicodependência", introduzindo nos currículos
de alguns cursos superiores temáticas relacionadas com esta
matéria, constitui outro dos objectivos visados com este
diploma, no qual se propõe, simultaneamente, a tipificação e
intervenções específicas nos locais e grupos de risco em que
"há um ambiente propício à propagação do consumo e
tráfico de drogas".
Em relação a estas situações defendido é, igualmente, como
salientou o deputado do PCP, um outro nível de resposta, o qual
passa por centros de apoio que tenham capacidade para intervir no
plano da assistência, do apoio social e médico-sanitário, de
redução de riscos, "sempre com o objectivo do
encaminhamento para soluções de tratamento e
recuperação".
Trata-se, em suma,
de mais um contributo do PCP para um combate que, por ser
difícil, deve ser enfrentado com redobrada "eficácia e
tenacidade". Dessa luta no plano nacional falou ainda
Bernardino Soares para pôr em relevo, por um lado, a necessidade
de serem aumentados os meios e de ser aplicada a legislação já
existente, e, por outro lado, a importância de ser incrementada
uma estratégia e uma abordagem global que inclua todas as áreas
de intervenção, desde a prevenção à reinserção social,
passando pela repressão do tráfico.
Analisadas por Bernardino Soares foram ainda, noutro plano, as
causas mais profundas do fenómeno da droga à escala
planetária. Radicam, em sua opinião, "nas próprias
contradições da sociedade e na sua organização, bem como na
ordem mundial vigente", de que são testemunho, especificou,
"a lógica absoluta do lucro, as desigualdades e as
injustiças sociais, a pobreza, a miséria e a exploração a que
estão sujeitas grandes faixas da população mundial".
Daí que, do seu ponto de vista, a luta contra a droga tenha
necessariamente que dar prioridade à "superação das
desigualdades e à luta por melhores condições de vida para os
povos do mundo", o que pressupõe, adiantou, não apenas
formas específicas de "apoio a países produtores para
substituição de culturas", como também a
"eliminação das trocas desiguais entre países" e,
bem assim, a "penalização dos capitais especulativos em
favor das actividades produtivas, atacando assim ao mesmo tempo o
branqueamento de capitais".