País Basco
Herri
Batasuna exige saída dialogada
Manuel Zamarreno é a última vitima mortal da ETA. Na
quinta-feira, o vereador do PP da localidade de Renteria, perto
de San Sebastian, foi alvo de um atentado através de uma bomba
colocada numa motorizada, activada à distância.
Zamarreno é o
sétimo membro do PP assassinado pela organização separatista
basca nos últimos dois anos. O atentado é atribuido ao comando
«Donostia», o grupo etarra considerado como o mais numeroso e o
mais perigoso.
O vereador já havia sido ameaçado pela ETA: o seu carro foi
queimado e o seu nome apareceu escrito no centro de um alvo, na
parede da Câmara Municipal local.
Zamarreno substituiu em Maio José Luis Caso, o vereador morto
num bar de Irun pela ETA em Dezembro de 1996. Mantendo uma
posição agressiva, acusou os representantes do Herri Batasuna
(partido independentistas, considerado o braço política da ETA)
de funcionar como informadores da organização armada.
O vereador era acompanhado pelo seu guarda-costas, um agente da
polícia autónoma basca (Ertzaintza). Desde os últimos
atentados, mais de 160 vereadores municipais do PP do Baís Basco
são protegidos por um dispositivo especial de segurança, depois
deste partido ter decidido contratar seguranças privados.
Herri Batasuna lamenta
Todas as forças
políticas lamentaram esta morte, nomeadamente o Herri Batasuna.
Pela primeira vez este partido considerou o último atentado
etarra um «acto lamentável», que prova a necessidade de
«fazer frente» a outras acções semelhantes e apostando «de
uma vez por todas, na busca de uma saída dialogada que
possibilite a superação do conflito e as suas graves
consequências».
«Esta não é, infelizmente, a posição que impera no PP, que
aposta com todas as armas que tem nas suas mãos em estabelecer
uma única saída possível: a cega via policial e repressiva»,
acrescenta num comunicado.
De facto, o governo espanhol apelou a uma forte resposta policial
e a uma mobilização social como modo de enfrentar possíveis
futuros atentados. «Estou certo que se vai deter quem cometeu
este assassinato e que se aplicará a justiça de maneira
implacável», afirmou o ministro do Interior, jaime Mayor Oreja.
O atentado ocorre dois dias depois de a ETA ter anunciado que
iria romper uma trégua unilateral - desconhecida publicamente-,
em que se comprometia não atacar os agentes da polícia
autónoma basca. Há três semanas atrás, esta unidade
desarticulou o comando «Viscaya» e deteve 12 pessoas.
Poucas horas antes da morte de Zamarreno, chegaram a Madrid três
presumíveis colaboradores da ETA expulsos do México numa
operação internacional.
Etarras condenados a 32 anos
Entretanto, a
Audiência Nacional de Espanha condenou a 32 anos de cadeia os
quatro membros da ETA responsáveis pelo sequestro de José
António Ortega Lara. Este funcionário prisional permaneceu
sobre o poder da organização durante 532 dias. O cativeiro teve
fim após uma intervenção da Guarda Civil.
De acordo com a Lusa, os etarras foram considerados responsáveis
do sequestro e acusados de se deleitarem em fazer o maior mal
possível a Ortega Lara. Foi-lhes imputado ainda a acusação de
outro delito de assassínio aleivoso com grau de conspiração
agravada.
A pena de 32 anos de prisão imputada a cada réu coincide com os
pedidos solicitados pela acusação.
Tendo sequestrado Ortega Lara em Janeiro de 1996, a ETA exigiu,
em troca da sua libertação, a transferência para as prisões
do País Basco e de Navarra de centenas de membros da
organização espalhados por instituições prisionais de todo o
país.