Grundig e OEM criaram
«máquina de despedir»


Os representantes dos trabalhadores denunciam os objectivos últimos da aparente divergência de posições entre as duas empresas, que só concordam quando ambas admitem que o pessoal está vinculado à OEM.

Depois de uma ronda de reuniões, em que participaram representantes da Grundig, da OEM e do Ministério do Trabalho, as ORTs do Complexo Grundig/Blaupunkt emitiram um comunicado em que afirmam que «as duas empresas pretendem sustentar a aparência de divergência de opiniões e de uma situação contenciosa, cada uma acusando a outra de falta de cumprimento dos pagamentos a que ambas estão obrigadas, por via do acordo que celebraram».

Ambas as empresas concordam que só a OEM tem obrigações para com o seu pessoal.

Perante estes factos, as organizações representativas dos trabalhadores «não excluem a hipótese de todo este problema fazer parte de uma manobra subtil e cheia de artifícios jurídicos orquestrada pela Grundig, com a participação da OEM, para, no final de 1998, a Grundig retirar as produções de audio hi-fi à OEM, levando esta a invocar a caducidade dos contratos de trabalho».
A concretizar-se este cenário, os trabalhadores nem teriam direito, sequer, à indemnização normal num processo regular de despedimento colectivo, o que leva as ORTs a concluirem que «em todo este processo, a OEM poderá estar a assumir o papel de uma subtil máquina de despedir, ao serviço da multinacional alemã Grundig».

Depois de exigirem a intervenção do poder político «ao mais alto nível», os representantes dos trabalhadores conseguiram uma reunião com o ministro da Economia, na passada sexta-feira, informou a União dos Sindicatos de Braga.


«Avante!» Nº 1286 - 23.Julho.1998