Grã-Bretanha
Novas denúncias de trabalho infantil


Um recente estudo encomendado pelo Ministério da Saúde da Grã-Bertanha revela que o número de casos de trabalho infantil no país não diminuiu nos últimos anos, acrescentando que um dos factores para a sua propagação é o facto de a legislação sobre o tema ser muito antiga. As leis referentes ao trabalho de crianças datam do início do século e ainda não foi aplicada a directiva europeia que limita a 12 horas o tempo máximo semanal.

O estudo, elaborado por nove organizações de ajuda à infância, calcula que dois milhões de crianças têm empregos ocasionais e que a sua maioria é claramente explorada. Quatro em cada 10 crianças com idades compreendidas entre os 11 e os 16 anos trabalham. O mesmo acontece com duas em cada três na faixa etária dos 15-16 anos.

Não possuindo a licença das autoridades locais oficialmente requerida e trabalhando fora do período autorizado (das 7 às 19 horas), estas crianças recebem salários baixos, especialmente as raparigas. Um terço ganha em média 360 escudos por hora.

Muitas crianças iniciam as suas funções logo nas primeiras horas do dia na entrega de jornais e de leite, enquanto os adolescentes servem sobretudo à noite nos pubs.

Os empregos destas criança contribuem de forma significativa para os rendimentos das famílias pobres (cerca de seis por cento). «Não é um dinheiro para gastos que elas auferem, mas uma parte dos fundos necessários à sua sobrevivência», lê-se no estudo, citado pela Lusa. No entanto, encontra-se também nestas condições um grande número de filhos de famílias com mais recursos.

Sendo um dos países da União Europeia onde se encontram mais casos de trabalho infantil, a Grã-Bretanha espera que o Governo cumpra as suas promessas e apresente a proposta de revisão das actuais leis no início do próximo ano como prometeu.


«Avante!» Nº 1286 - 23.Julho.1998