Sismo no Faial
Comunistas
propõem plataforma
para acorrer à calamidade
A Direcção do PCP/Açores, representada pelos membros do seu Secretariado, pelo deputado regional e pelo coordenador regional, visitou no passado dia 21 de Julho, na ilha do Faial, as zonas mais atingidas pelo sismo de dia 9 de Julho, onde contactou, conforme foi referenciado na última edição do «Avante!», sinistrados e responsáveis locais.
Com esta acção, o
PCP pretendeu «sistematizar o conhecimento adquirido», de forma
a participar «com propostas e intervenção própria» no
esforço de reconstrução e reabilitação das zonas sinistradas
que urge iniciar.
Em conferência de imprensa para balanço da visita, os
comunistas açorianos classificaram de «claramente positiva» a
avaliação que fizeram às acções de emergência e socorro
até à data empreendidas.
A Comissão Local da Protecção Civil «esteve à altura da
dimensão da catástrofe», respondendo prontamente às
informações objectivas que ia recebendo; o Hospital da Horta e
o Centro de Saúde revelaram «elevado grau de prontidão»; a
Comissão Regional de Protecção Civil, chegou rapidamente e
«entrosou-se» bem nos trabalhos já em curso; e os reforços da
Protecção Civil foram «rápidos» e «oportunos». Ou seja, a
nível dos socorros imediatos «tudo funcionou bem porque
funcionou com um claro sentido de solidariedade».
A DORAA faz, entretanto, algumas referências especiais, a
primeira das quais dirigida à Associação Faialense de
Bombeiros Voluntários, quer pela sua imediata mobilização,
quer pela sua acção prolongada e permanente, apesar dos
problemas que alguns dos bombeiros e suas famílias viviam nas
respectivas habitações.
Uma palavra particular foi também para os destacamentos de
bombeiros do Pico, São Jorge, Terceira e outros que estiveram no
local, assim como para os meios militares que compareceram e para
os radioamadores, cujo contributo na eficiência das
comunicações foi «inestimável».
Mas também as empresas de construção civil disponobilizaram
máquinas e trabalhadores; a EDA e os seus trabalhadores
«conseguiram o "milagre" de restabelecer a energia
eléctrica» no próprio dia; a Telecom tudo fez para manter
operacionais as ligações telefónicas; os trabalhadores dos
Municípios, das Obras Públicas, dos Serviços Florestais, dos
Serviços Agrícolas, do Instituto de Acção Social e outros
foram exemplo de esforço e dedicação; as IPSS deram resposta
imediata, principalmente em termos de alimentação dos
desalojados; o voluntariado funcionou bem no que respeita ao
Banco Alimentar, Caritas e outros organismos; e o Serviço de
Protecção Civil e o SIVISA (vigilância sismológica) desde a
primeira mantêm informada a população sobre a evolução da
crise, numa postura de «prevenção, alerta e verdade.»
Enfim, uma «onda de solidariedade» que se estendeu a todas as ilhas, a todo o País, às comunidades emigrantes. Contudo, a destruição é muito grande na ilha do Faial e requer medidas no plano legislativo, administrativo e orgânico.
Assim, colocam-se
três prioridades para o PCP: adquirir e montar módulos
pré-fabricados em número suficiente, de forma a proceder a um
rápido realojamento; criar um quadro legislativo próprio; criar
um orgão de coordenação das acções de reconstrução,
reabilitação, ordenamento e apoio aos desalojados e
sinistrados.
Designadamente em relação ao quadro legislativo, há que
definir juridicamente o conceito de sinistrado e a natureza dos
apoios, assim como a situação das famílias com encargos
bancários sobre residências e bens destruídos; o direito dos
idosos a residência própria; a situação dos comerciantes com
estabelecimentos destruídos; a situação e direitos dos
desalojados que são inquilinos.
Quanto ao órgão de coordenação, ele deve integrar os
municípios das áreas afectadas, ter um acompanhamento
governamental directo e situado no terreno e dispor de um
"staff" técnico credenciado, multidisciplinar e
«caldeado com técnicos experientes em situações deste tipo.»
Para os comunistas, a urgência não pode servir de álibi para
que «se trabalhe mal» e «se não faça justiça a todos os
sinistrados».
Pelo seu lado, o PCP dispõe-se a contribuir para a definição do quadro jurídico na Assembleia Legislativa Regional e nos órgãos em que participa e ainda em diálogo directo com o Governo Regional, a quem, aliás, já pediu uma audiência para lhe dar a conhecer as suas opiniões, avaliações e propostas.
Finalmente, o
PCP/Açores lembra que aos prejuízos das intempéries de 96 e 97
ainda por recuperar há que juntar agora os muitos milhões de
contos necessários à reconstrução das zonas sinistradas e que
os meios financeiros regionais são escassos. É por isso
«indispensável», não só a solidariedade nacional e a
cooperação comunitária, como a existência de «um quadro de
estabilidade política» que permita a rápida recuperação das
infraestruturas, rede viária, áreas produtivas e habitações.
Uma estabilidade que não é compatível com «jogos de poder»,
razão por que o PCP propõe a todos os partidos parlamentares e
ao Governo Regional o estabelecimento «de uma plataforma mínima
que permita a aprovação no ano corrente e no próximo ano de
Orçamentos adequados às necessidade e à urgência que a
recuperação das calamidades impõe.»
Os açorianos nunca compreenderão, garante o PCP, que não se
faça tudo para que a Região disponha dos meios orçamentais
adequados a uma boa solução dos problemas provocados pelas
calamidades que os Açores enfrentou.
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PCP solidário
Aquando do grave
tremor de terra que atingiu a Ilha do Faial, o Secretário-geral
do PCP, Carlos Carvalhas, manifestou à Presidência do Governo
Regional dos Açores, e por seu intermédio ao povo dos Açores,
a «inteira solidariedade» do PCP e os seus sentidos pêsames
às famílias enlutadas.
Uma mensagem onde era também deixada uma palavra de
reconhecimento pelo trabalho dos Serviços de Protecção Civil
local e regional e que Carlos César, Presidente do Governo
Regional, agradeceu «sensibilizado» em 14 de Julho.