Festa do «Avante!»

Jornadas juntam «o útil ao agradável»


A pouco mais de um mês da Festa, as jornadas de trabalho prosseguem na Atalaia a um ritmo cada vez mais intenso.
Porém, para quem nunca tenha participado no trabalho preparatório da Festa em anos anteriores - só conhecendo a Festa pelo que ela apresenta nos dias em que se abre ao público -, se lá for agora arrisca-se a um enorme susto. Uma paisagem de fios eléctricos e tubos de ferro coloridos, uns já armados e outros caídos no chão, à espera que uma mão amiga os levante, dão, de facto, ao «estreante» uma imagem algo assustadora do trabalho que o aguarda.
Os troncos nus, as caras suadas mas sorridentes, as roupas pintadas, a piada brejeira dos mais velhos, a gargalhada sonora dos mais jovens, a manifesta alegria que paira no ar, encarregam-se, entretanto, de desanuviar o cenho franzido dos que pela primeira vez se propuseram ajudar à edificação da Festa!

Porque a verdade é só uma: quem uma vez participa na construção desta espantosa iniciativa dos comunistas portugueses que é a Festa do «Avante!» nunca mais deixa de participar.
Não por ser obrigado, obviamente... mas por opção. Porque reconhece que há festa nesta forma de fazer a Festa. E nesta forma de juntar trabalho e confraternização, responsabilidade e divertimento, política e alegria, reconhece uma forma de se enriquecer como pessoa e como comunista, a sua forma de estar no mundo.

Os veteranos explicam-lhe que todos os anos é assim: «Pensamos sempre que vai ser difícil ter tudo pronto no dia da abertura, mas a verdade é que está sempre.» É certo que, às vezes, já as portas da Festa estão a abrir e ainda se vêem os «construtores», todos sujos, a correr de um lado para o outro, a esconder tintas e pincéis e a exibir um stress, por vezes exuberante, que dias e dias de muito trabalho fizeram acumular. Passadas, porém, as duas primeiras horas, lá aparecem eles, lavados de fresco, com a alegria e o orgulho estampados na cara, prontos para comer uma fatia de leitão na Bairrada ou uma espetada de boa carne na Madeira, a beber uma «caipirinha» no Brasil ou um «cocktail» no Algarve. E ainda, na maioria das vezes, a participar nos turnos que durante os três dias da Festa se revezam para melhor receber os visitantes da Festa. Daquela verdadeira cidade de alegria e fraternidade que (sem dinheiro) só os comunistas seriam capazes de edificar!

Acredite-se ou não, não se está a vender «gato por lebre». Quem nunca participou, que o faça e confirmará!


«Avante!» Nº 1287 - 30.Julho.1998