Pelo cumprimento das promessas feitas
SODIA fecha amanhã
mas ORTs mantêm-se activos


Na ex-fábrica da Renault em Setúbal ficam, até ao fim do ano, dezena e meia de trabalhadores, em tarefas de manutenção, depois de ali terem chegado a trabalhar 1500 pessoas e ao fim de 18 anos em que foram produzidos mais de 600 mil automóveis.

«Os nossos problemas não estão resolvidos até final de Julho, mas o Governo terá que ouvir e sentir a nossa pressão, até que honre as promessas feitas e cumpra a palavra dada», afirma a Comissão de Trabalhadores, num comunicado que distribuiu na semana passada, após uma reunião com o secretário de Estado adjunto do ministro da Economia. Vítor Ramalho reafirmou que as oportunidades de emprego anunciadas são para concretizar.
Assim, a Gestnave receberá todos os trabalhadores com mais de 50 e menos de 55 anos; da média de 202 trabalhadores, 119 ficarão com vínculo efectivo; com a Solisform, a Gestnave promoverá acções de formação, mesmo sem garantia de emprego, e abrangendo a especialidade de instrumentação e controlo. O Governo vai prosseguir os contactos com a General Motors (Azambuja), a Lear Corporation, o Parque Industrial de Vendas Novas e a Siemens de Évora. Foi reafirmado o compromisso de, caso a fábrica de Setúbal acabe por ser vendida a outro construtor automóvel, ser dada prioridade de admissão aos trabalhadores agora despedidos.
Contabilizando outras ofertas de oportunidade de emprego na Tecopura, na ABB e na OGMA, a CT considera-as «manifestamente insuficientes» e critica o facto de não abrangerem o conjunto das profissões e qualificações existentes na Sodia.
Depois de valorizar os resultados conseguidos pela luta desenvolvida desde que foi conhecida a decisão da Renault francesa de desactivar a fábrica de Setúbal, a CT defende a criação e manutenção em funcionamento do Grupo de Apoio ao Emprego e Formação Profissional «enquanto existirem trabalhadores sem emprego». «Pela nossa parte, tudo faremos para que também os organismos representativos dos trabalhadores tenham o seu grupo de apoio, e criaremos condições para que os trabalhadores se mantenham unidos em torno dos objectivos há muito delineados».
«A não serem cumpridas as promessas feitas e tantas vezes repetidas ao longo de todo este processo, o Governo sairá dele sem honra nem dignidade», afirma a CT. «Os trabalhadores e os seus representantes não permitirão que o Governo se comporte como um serviçal da Renault», conclui o comunicado.


«Avante!» Nº 1287 - 30.Julho.1998