Dois
acordos
e um não
A Fenprof assinou com a associação representativa dos estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) um acordo que consagra aumentos salariais médios de 4,6 por cento, para vigorar por um ano a partir de 1 de Outubro.
Os docentes tiveram
aumentos que variam entre 2,4 e 30,6 por cento (média ponderada
de 5 por cento) e o tempo para atingir a remuneração mais
elevada foi reduzido de 32 para 29 anos. A Federação Nacional
dos Professores considera que o acordo ainda não corresponde à
necessidade de equiparar as remunerações com as que são
praticadas no ensino público, mas «constitui uma boa resposta
nesse sentido».
Para hoje, anunciou também a Fenprof, está marcada a assinatura
de um «acordo de instituição» com a União das
Misericórdias Portuguesas, para ser aplicado aos
trabalhadores desta União, mas que servirá como modelo a que
poderão aderir as misericórdias e os respectivos trabalhadores.
A federação, que lidera a comissão negociadora sindical,
explica que, desta forma, as misericórdias e os trabalhadores
podem exercer o direito à contratação colectiva, sem que a UMP
tenha que se assumir como associação patronal.
A solução foi encontrada porque «ambas as partes, mantendo as
características próprias, dialogaram em espírito de boa-fé e
de forma construtiva», atitude que «contrasta com a
intransigência da União das Instituições Particulares de
Solidariedade Social, que se recusa à conciliação por
razões estranhas ao que se encontra em discussão», regista a
Fenprof, na nota que distribuiu à imprensa.
____
CP recusou assinar
o acordo que antes propôs
A federação dos Ferroviários acusou o Conselho de Gerência da CP de ter decidido «arrastar por tempo indeterminado» o conflito laboral no sector, «obviamente com o conhecimento da tutela».
Em nota distribuída
sexta-feira à comunicação social, a FSTFP/CGTP refere que o CG
da CP apresentou, dia 17, uma proposta para acordo, o que levou a
federação a mostrar-se disponível para assinar um acordo de
princípio. Na reunião seguinte, dia 22, a federação
apresentou-se nas negociações «predisposta a assinar» um
documento que, «não sendo o acordo desejável, vinha
minimamente ao encontro das principais reivindicações dos
ferroviários».
Mas, «contra todas as regras de um processo negocial, o CG volta
atrás com a sua palavra e recusa a assinatura do acordo que ele
próprio propusera», o que leva a federação sindical a
interrogar: «Terá o CG sido apanhado de surpresa pela
disponibilidade da federação para assinar o acordo? Ou não
haverá por detrás desta insólita situação um móbil
inconfessável, em termos de política geral, que leva o Governo
a arrastar artificialmente um conflito que tantos prejuízos e
transtornos de toda a ordem tem causado à economia nacional e
às populações?».
A luta dos trabalhadores das empresas do grupo CP pela garantia de estabilidade de emprego, pelo prometido regulamento de carreiras, por melhores salários e mais dignas condições de trabalho levou já, nos últimos meses, à realização de três greves, com elevados níveis de adesão.