Argélia
Violência
continua
A violência voltou a fazer vítimas na Argélia: na madrugada de domingo, 20 pessoas foram barbaramente assassinadas no oeste argelino. Uma acção entendida como um aviso à missão da ONU de que não haverá paz no país sem a integração da Frente Islâmica de Salvação nas iniciativas para a saída da crise.
A delegação da ONU
que se deslocou à Argélia, constituída por seis personalidades
e chefiada por Mário Soares, tem mantido contactos com diversos
sectores da sociedade argelina, desde as entidades oficiais à
oposição, tendo sido já alvo de críticas na imprensa local,
por alegadamente apelar ao diálogo «com os padrinhos dos
criminosos», como afirmava há dias o «La Nouvelle
Repúblique», legendando uma fotografia tirada no local do
massacre de Tlemcen, onde 12 pessoas foram degoladas por grupos
armados fundamentalistas.
Diferente é a posição defendida pelo antigo grupo de Santo
Egídio (formado em 1994, na Comunidade do mesmo nome, por
várias personalidades de partidos da oposição argelina), que
esta semana voltou a apelar à reconciliação nacional.
Num documento divulgado por seis dessas personalidades - e
assinado designadamente por Ahmed Ben Bella, primeiro presidente
da Argélia, Ali Yahia Abdemour, presidente da Liga da Frente de
Libertação Nacional (FLN, ex-partido único) e Abdelkader
Hachani, número três da Frente Islâmica de Salvação (FIS,
dissolvida) - apela-se à paz e à reconciliação, propondo-se a
realização de uma «conferência nacional» que «reúna todas
as forças políticas sem excepção».
O grupo, que não integra nomes de responsáveis da FFS (Frente
das Forças Socialistas) e do PT (Partido dos Trabalhadores), que
assinaram o acordo de Roma, recorda que «o apelo à trégua»,
feito pelo AIS (Exército Islâmico de Salvação), braço armado
da FIS, em Outubro passado, deve ser tomado em conta para se
criar as condições de uma verdadeira estratégia política para
a saída da crise.
O documento sublinha ainda que «qualquer manobra, manipulação
ou falsa solução só servirá para modificar a esperança
levantada por este apelo ao acesso a uma paz digna, justa e
definitiva».