Iraque
Mais opositores executados


 

O regime de Saddam Hussein continua a executar opositores. Segundo o Partido Comunista do Iraque calcula-se que mais de 1 500 pessoas foram mortas desde Julho do ano passado.

O Partido Comunista do Iraque (PCI) denunciou recentemente uma nova onda de execuções de opositores políticos ao regime liderado por Saddam Hussein. De acordo com o PCI, esta campanha teve início em meados de Julho do ano passado e visa essencialmente os participantes na revolta popular de Março de 1991. Calcula-se que mais de 1 500 pessoas foram já mortas.
Nas provícias de Najaf, Babel e Kerbala mais de 30 cadáveres de detidos foram devolvidos às suas famílias em Maio e Junho. Em outros casos, as autoridades apenas entregaram certidões de óbito ou informaram os parentes das execuções.
«Centenas de outras pessoas, que estão injustamente detidas nas prisões de Saddam, são ameaçadas com morte iminente. Neste preciso momento, enquanto estas palavras estão a ser escritas ou lidas, a vida de uma nova vítima inocente pode estar a ser brutalmente extreminada», lê-se numa nota de imprensa.
Os comunistas iraquianos pedem mais uma vez aos representantes das Nações Unidas e das organizações dos direitos humanos a «encetarem esforços para por fim a estes massacres e para prevenir que sejam cometidos novos crimes pelos governadores sangrentos de Bagdad».
Para isso apresentam nomes de diversos familiares de vítimas de execuções dispostos a testemunhar as suas experiências e a conceder todas as informações que dispõem nomeadamente sobre as condições das detenções, as prisões e as execuções.


Curdos deportados

Ao mesmo tempo, o governo iraquiano estão a levar a cabo uma campanha de deportação de curdos. O PCI obteve uma uma lista com nomes de 114 famílias (num total de 731 pessoas) que foram expulsas do país entre Janeiro e Abril deste ano.
Em Maio, as autoridades admitiram publicamente pela primeira vez a existência da deportação em massa de curdos, no âmbito da sua política de «limpeza étnica». O general Hamid Othman Sabi, responsável pela polícia iraquiana, confirmou que as casas dos deportados foram confiscadas e entregues a árabes.
Um dos momentos mais marcantes desta campanha teve lugar durante os censos. Os curdos e os turcos foram pressionados a inscrever-se como árabes e quem se recusasse ficaria no desemprego ou seria-lhe retirado o direito de comprar propriedades.


«Avante!» Nº 1287 - 30.Julho.1998