Coreia do Sul
Braço-de-ferro na Hyundai


Após três semanas de lock-out, a Hyundai reabriu as portas a semana passada, mas o primeiro produtor de automóveis sul-coreano continua parado - os trabalhadores permanecem em greve por tempo indeterminado.

O governo enviou entretanto milhares de polícias anti-motim para as fábricas da Hyundai para expulsar os trabalhadores ameaçados de desemprego que ocupam as instalações desde 20 de Julho. A registar-se um confronto, os sindicatos ameaçam desencadear «uma luta de todos os sindicatos a través do país», responsabilizando desde já as autoridades das consequências de um intervenção policial, atendendo a que no local se encontram, junto com os trabalhadores, muitas mulheres e crianças.

O que se passa na Hyundai é um verdadeiro braço-de-ferro, cujo desfecho se reveste da maior importância para todo o país. Com efeito, os trabalhadores do potentado da indústria automóvel recusam o «privilégio» de serem eles a inaugurar o grande plano de despedimentos colectivos que o governo pretende implementar para fazer face à crise económica do país. Numa primeira fase, a empresa pretende despedir 1.569 trabalhadores.

Num país que até há pouco tempo não conhecia o desemprego em massa e, sobretudo, onde a protecção social é praticamente inexistente, os sindicatos afirmam-se dispostos a combater os despedimentos por todos os meios. Na Hyundai, os responsáveis sindicais garantem que «os trabalhadores apenas voltarão ao trabalho quando a direcção da empresa renunciar ao seu plano [de despedimentos]».

Como não se têm cansado de reafirmar, os trabalhadores recusam ser eles a pagar a elevada factura do saneamento económico imposto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o qual, para salvar os conglomerados coreanos que ligam estreitamente os grandes grupos, o sector bancário e os dirigentes políticos, se propõe sacrificar dezenas de milhares de empregos.


«Avante!» Nº 1290 - 20.Agosto.1998