Fome
Pobreza
mata
onze milhões de crianças por ano
Anualmente morrem, em todo o mundo, onze milhões de crianças com menos de cinco anos, vítimas das condições de pobreza extrema das respectivas famílias. A informação é da Organização Mundial de Saúde (OMS), e foi divulgada recentemente em Amesterdão pela nova directora-geral da Organização, Gro Harlem Brundtland, ex-primeira-minstra norueguesa.
Segundo a responsável da OMS, «mais de metade das mortes são devidas a infecções respiratórias agudas, e cerca de 90 por cento das mortes de crianças com menos de cinco anos devem-se a diarreias, paludismo e sarampo. Por detrás deste balanço encontra-se o círculo vicioso da pobreza».
As perspectivas de futuro, afirma Gro Harlem Brundtland, não são famosas: não se prevê que seja possível fazer face ao flagelo nos próximos vinte anos. Não porque não existam no mundo meios para inverter a situação, mas porque as políticas desenvolvidas no respeitante aos sistemas de saúde e de apoio à infância estão longe do que seria necessário para combater de forma eficaz a mortalidade infantil. Basta pensar que, entre as «receitas» apresentadas por organizações como o Fundo Monetário Internacional (FMI), por exemplo, aos países a braços com crises económicas ou com problemas de desenvolvimento económico, consta invariavelmente o corte das despesas sociais, o que atinge em primeiro lugar as camadas mais desfavorecidas e, consequentemente, as crianças.
Isso mesmo salienta Gro Harlem Brundtland, fazendo a ligação entre a mortalidade infantil e a pobreza: o risco de morte antes dos cinco anos é cinco vezes maior nas populações pobres.
A responsável da OMS refere, a título de exemplo, o caso de África, onde 7,5 por cento dos nados-vivos não atinge um mês de vida, e, como sucede nalguns países do continente, uma criança em cada cinco morre antes dos cinco anos de idade.
A má nutrição contribui, segundo a OMS, para mais de metade das mortes de crianças em todo o mundo. Com a fome e condições de vida degradadas, as doenças vêm por acréscimo. Uma situação terrível agravada nos últimos anos pelo flagelo da Sida: o virus afecta mais de um milhão de crianças com menos de quinze anos, tendo a doença já provocado a morte de dois milhões.