Uma grande festa
logo desde a abertura

Sete da tarde de sexta-feira. Parou a chuva na Quinta da Atalaia. Abrem-se as portas aos primeiros visitantes da 22ª Festa do «Avante!».
Na Praça da Paz, entre o Pavilhão Central e os pavilhões de Lisboa, de Setúbal e do Alentejo, concentram-se umas centenas de militantes e apoiantes do PCP e da JCP, muitos dos quais participaram com empenho e satisfação na construção da festa, oferecendo horas, dias, semanas de trabalho. A humidade do aguaceiro prolongado deixava ver nalguns rostos e ouvir nas conversas alguma preocupação quanto ao efeito que teria na festa aquela
partida do São Pedro.

Poucos minutos depois, de um palanque para onde subiram também alguns dirigentes do Partido e membros da Comissão Executiva da Festa do «Avante!», Carlos Carvalhas dava as boas vindas a mais esta edição da grande festa da democracia, da liberdade e da alegria, festa do povo e da juventude, sempre renovada, sempre ponto de encontro de militantes, de amigos e de companheiros.

Os aplausos sublinharam de modo vibrante que esta é uma festa para todos, uma festa com calor humano que procura não excluir ninguém, uma festa reconhecida como um grande evento político-cultural e que, nos seus diversos planos e nos seus aspectos mais tocantes e mais fraternos, exprime também os valores e os ideais que impulsionam, inspiram e dinamizam a intervenção e a luta desse grande colectivo que é o Partido Comunista Português.

Aos aplausos juntaram-se os gritos ritmados de PCP! PCP!, enquanto Carvalhas acrescentava que, visitada todos os anos por cidadãos dos mais diversos credos e quadrantes políticos, a Festa do «Avante!» é também um grande espaço de solidariedade com os trabalhadores e os povos em luta.

Já o sol rompia por entre as nuvens, ajudando a aquecer o fim da tarde. Da tribuna, lembrava o dirigente comunista que no nosso país, temos pela frente importantes batalhas, como a regionalização, e que o governo com o rótulo de socialista quer persistir com a política neoliberal, intensificando a concentração da riqueza, e quer persistir em concretizar um novo conjunto de graves alterações às leis laborais que põem em causa, se aprovadas, direitos essenciais duramente conquistados. Daí, a importância da Festa do «Avante!» também como um grande espaço de debate e informação, de mobilização e de luta contra políticas injustas, retrógradas e hipócritas.

Apontando o sentido da intervenção dos comunistas nos próximos meses – cujas linhas seriam desenvolvidas no comício de domingo à tarde – Carlos Carvalhas prevenia que, se não alterar a sua orientação, nomeadamente em relação às reformas salariais e legislação laboral, o governo será o responsável pela desestabilização social que se venha a verificar. Como o País não é um pavilhão da utopia ou uma realidade virtual, é necessário mudar de rumo e abandonar uma política neoliberal que também é defendida pelo PSD e PP, partidos que têm estado de acordo com o essencial da política do PS, que fizeram as negociatas da revisão constitucional, dos referendos, que viabilizaram os Orçamentos propostos pelo governo.

Na avenida alinhava a banda da União Artística Piedense, que daí a pouco, acabado o discurso de abertura, avançaria pela praça com os acordes da «Marcha do MFA». Pelas duas entradas da Quinta da Atalaia continuavam a chegar mais e mais pessoas, nos restaurantes começavam a formar-se as primeiras filas. Nos rostos e nas conversas que ainda há pouco se mostravam húmidos da chuva passa a dominar uma expressão de contentamento. E ainda não se sabia que só voltaria a chover no domingo à noite, perto da hora do fecho.

D.M.


«Avante!» Nº 1293 - 10.Set.98