«Cá estamos», bem vivos,
na festa do Manifesto

No Pavilhão Central da Festa do «Avante!» a mensagem política surgia em três grandes temas: os 150 anos do Manifesto Comunista, o Programa do PCP e a actual situação política em Portugal.

No Pavilhão Central da Festa do «Avante!» a mensagem política surgia em três grandes temas: os 150 anos do Manifesto Comunista, o Programa do PCP e a actual situação política em Portugal.

Entrando pela Praça da Paz, o visitante tinha logo à sua esquerda o espaço da imprensa comunista. Podia aqui comprar o «Avante!» e «O Militante», ou fazer até uma assinatura das publicações do Partido. Para uns recordarem e outros ficarem a conhecer, ali estava instalado um prelo dos tempos da clandestinidade.

Com as paredes decoradas de primeiras páginas, o espaço onde por várias vezes se esteve «à conversa com...» dirigentes do PCP foi dedicado a mostrar que «quem não lê o "Avante!" não sabe» de muita coisa importante que vai pelo mundo e pelo País – e lá estava, em vídeo e em papel, uma manifestação que as televisões e a generalidade da imprensa ignorou, mas que «existiu mesmo» e até foi noticiada no órgão central do Partido com o merecido destaque.

Paredes meias, sempre a uma temperatura mais amena como exigem os computadores, encontrava-se o «sítio» da Internet – para conhecer a página do PCP e para «navegar» a sério na rede mundial.

À entrada do Forum estava afixado o programa dos debates centrais, que no sábado e no domingo ali tiveram lugar, com a participação de centenas de pessoas – dezenas delas aproveitaram a oportunidade para se chegarem ao microfone e dizerem de sua justiça.

Na banca – continuando a rodar pela esquerda – o visitante do Pavilhão Central podia comprar diversas recordações da festa e contribuir, como em muitos outros stands, para a campanha de solidariedade com Cuba.

Começava depois a observar as exposições políticas. Interrogado se «o capitalismo triunfou?», mergulhava num corredor escuro que se iluminava à sua passagem e onde se lembravam factos de desigualdades, injustiças, guerras, miséria multiplicada por muitos e riqueza concentrada em poucos. O choque da luz do dia marcava a passagem para o espaço onde se mostrava os motivos e o valor da luta dos comunistas, de Marx aos nossos dias.

«A esquerda que faz a diferença» - gritada em letras vermelhas sobre fundo branco, a palavra de ordem chamava o nosso visitante para a exposição dedicada à actualidade nacional. Das privatizações à regionalização, chegava à intervenção dos comunistas na Assembleia da República, no Parlamento Europeu e no poder local, contemplando com um sorriso os actuais «tachos» de antigos governantes, que perderam «a dança do poder».

Refrescando os olhos no fontanário criado no meio do pavilhão, o visitante descia até ao «Café da Amizade», para refrescar a boca e o corpo castigado pelo calor. Na fila para o pré-pagamento, havia de reparar que uns metros mais acima sobressaía o nome de Oscar Niemeyer. Mas teria que deixar a visita para depois, porque nesta altura chegariam dois amigos que não esperava ver naquela festa e iriam ficar um bocado à conversa. É mesmo assim, o nosso visitante. Teremos que deixar a homenagem ao arquitecto brasileiro para outra página.

D.M.


«Avante!» Nº 1293 - 10.Set.98