PCP
questiona Pós Expo
A análise das contas e gastos da Expo 98 e o apuramento de responsabilidades por erros, desvios ou fraudes constituem uma exigência do Grupo Parlamentar do PCP, que se revela igualmente preocupado com a operação de reconversão urbana para aquela área e com o desemprego que vai atingir muitos trabalhadores.
Sem deixar de passar
um olhar sobre o que de mais relevante ocorreu no perído de
quatro meses em que durou esta "realização nacional",
que classificou como "um sucesso" - não obstante
algumas observações críticas -, foi sobretudo no futuro que
João Amaral põs o enfoque da sua intervenção sobre a Expo 98.
Acabada a festa, em hora de balanço, ainda que prematuro quanto
a considerações finais, o parlamentar comunista evidenciou ser
da maior importância, sobretudo, o esclarecimento sobre o modo
como funcionou a gestão e como falhou o sistema de controlo nas
contas, descobertas que foram fraudes cuja investigação importa
investigar aprofundar com apuramento pleno de responsabilidades.
Igual atenção merece, noutro plano - em paralelo com a
necessidade de serem adoptadas medidas que dêem resposta ao
problema social dos trabalhadores atirados para o desemprego - a
questão da reconversão urbanística que a realização da Expo
98 veio possibilitar, recuperando uma das áreas mais degradadas
do País, uma operação de requalificação do território que
importa prosseguir no estrito e rigoroso respeito pelas planos
elaborados.
"Queremos que a Expo seja um espaço articulado com a
cidade, e não uma ilha. Entendemos que a zona não deve servir
para especulação urbanística, com uma massa excessiva de
construção. Pronunciamo-nos por um adequado uso do espaço
público, que deve ser aberto a toda a população, incluíndo os
espaços verdes", realçou João Amaral, igualmente defensor
do "programa de animação" que mantenha uma boa
relação dos cidadão com o rio, bem como, noutra vertente, de
"uma correcta articulação entre as funções habitação,
lazer, serviços e outras actividades económicas".
Abordada pelo parlamentar comunista foi ainda a transição de
competências no capítulo da gestão do território da Parque
Expo para os municípios de Lisboa e Loures, questão
relativamente à qual existe um protocolo cujo conteúdo está
longe de contemplar todas as matérias.
Lembrando a inevitabilidade desta transferência, João Amaral
fez notar, contudo, que ela "não pode significar
sobre-encargos sobre os municípios", recordando ainda que
importa que, desde já, "todas as decisões de planeamento e
outras sejam objecto de acordo municipal".
Antes, pronunciando-se genericamente sobre a realização da Expo
98, João Amaral deixou palavras que não esconderam a
apreciação no geral positiva da bancada comunista sobre o
evento, abrangendo desde logo os que a "conceberam e
dirigiram", mas também os que a "ergueram e fizeram
funcionar", passando pela "imagem de qualidade do
recinto e da sua arquitectura", pela "boa prestação
da organização" e pela escolha dos oceanos como temática
de fundo de toda a exposição.
Como notas críticas ficaram os preços praticados que inviabilizaram seguramente a presença de muitas famílias portuguesas, bem como a promoção internacional da Expo, que, na opinião de João Amaral, obedeceu sobretudo a uma lógica comercial, visando captar visitantes, quando teria sido possível compatibilizá-la com uma outra dirigida mais para a promoção de Portugal.
Em todo o caso, apesar das observações críticas, o que prevalece, assinalado por João Amaral, é o "sucesso" da iniciativa. Espera-se agora - as palavras são suas - "que o post-Expo não contarie as expectaticas criadas".