Barreiro diz Não
a resíduos industrias


O Barreiro diz Não ao projecto de instalação da Estação de Tratamento de Resíduos Industriais na Quimiparque. Esta a decisão assumida pela Câmara e pela Assembleia Municipal do Barreiro, entretanto divulgada em conferência de imprensa. Porque não é no coração de uma zona urbana que hoje se localizam este tipo de instalações. Porque o Barreiro já sacrificou gerações ao modelo industrial assente na indústria química pesada, uma realidade que com grande esforço se tem vindo a tentar inverter.

A decisão do governo de localizar no Barreiro a Estação de Pré-Tratamento de Resíduos Perigosos, é condenada pela Câmara Municipal do Barreiro, quer por ignorar qualquer diálogo prévio, quer por ignorar as realidades locais.
Em comunicado de imprensa, a Câmara lembra que, se o Barreiro sacrificou gerações ao modelo industrial assente na indústria química pesada, se o Barreiro sofreu a nível externo o anátema de zona poluída e de local de pouca atractibilidade e portanto pouco competitivo em relação ás dinâmicas de progresso e desenvolvimento actuais, se esse modelo foi perverso, porque ao ser substancialmente abandonado deixou apenas o desemprego e um concelho marcado por uma imagem urbana desventrada pelo crescimento anárquico e pela degradação estética do parque urbano construído, não é justo que hoje seja escolhido para a localização de instalações que retoma essa imagem negativa.
Também a Assembleia Municipal do Barreiro recusa a decisão do governo e sublinha que o estudo de impacte ambiental mostra que a localização de uma estação deste tipo deverá ser afastada de aglomerados populacionais, pelo que só a aplicação de critérios economicistas que defendem interesses empresariais sem ter em conta a segurança, a saúde e o bem-estar das populações podem sugerir a sua localização num parque empresarial integrado num tecido urbano.

De notar que a Quimiparque é actualmente um parque empresarial, e não apenas industrial, que inclui empresas de serviços e nomeadamente um grande centro comercial com 3 salas de cinema e um ginásio de manutenção.
Acresce que este espaço é envolvido pelas Freguesias do Barreiro, Lavradio e Alto do Seixalinho, onde reside mais de metade dos habitantes do concelho e se concentra a maioria dos serviços públicos, incluindo o Hospital distrital, centros de saúde e escolas, de par de grande actividade associativa e de lazer.

No documento divulgado pela Câmara sublinha-se ainda que o Barreiro não se está a pôr de fora do problema do tratamento de resíduos industriais. Concretamente, no seu complexo industrial, produz hoje, de acordo com os estudos existentes, cerca de 3.500 toneladas por ano, mas, simultaneamente, são tratadas cerca de 40.000 toneladas de resíduos industriais.

É neste quadro que Câmara e Assembleia Municipal recusam a decisão do governo e afirmam a sua determinação em prosseguir a luta. Uma luta também partilhada pela Juventude Comunista Portuguesa do Barreiro, que propõe um projecto de desenvolvimento humanizado onde os seus habitantes se reconheçam e recusa o projecto actualmente em discussão pública, por este não ir ao encontro das aspirações do povo barreirense.


Alhandra e Moita tomam posição

A Assembleia de Freguesia do Vale da Amoreira, Concelho da Moita, decidiu manifestar a sua preocupação face à anunciada intenção do governo em proceder á incineração de resíduos tóxicos em fábricas cimenteiras, entre as quais a Secil no Outão, bem como, estabelecer na Quimiparque no Barreiro uma estação de recolha e pré-tratamento daqueles resíduos.
Uma proposta da CDU, aprovada por unanimidade, que defende que sejam procuradas soluções para obrigar ao tratamento de resíduos tóxicos, assentes no pressuposto de que os seus produtores devem ser responsáveis pelo pré-tratamento e que acautelem a segurança das populações, a saúde pública e o ambiente.
Também os autarcas da freguesia de Alhandra e da Câmara e Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira aprovaram um manifesto concelhio contra a possibilidade de escolha da cimenteira alhandrense para queimar resíduos tóxicos.
No documento, os autarcas informam a população sobre o estudo sobre a Eliminação de Resíduos Industrias Perigosos pelo Sector Cimenteiro, considerando que a escolha da CIMPOR e Alhandra vai comprometer não só os projectos de requalificação e investimento que se pretendem desenvolver como também põe em risco a saúde pública.


«Avante!» Nº 1297 - 8.Outubro.1998