Itália
Refundação
Comunista retira apoio a Governo
O Comité Político Nacional da Refundação Comunista decidiu, no passado domingo, não viabilizar o Orçamento de Estado para 1999 que será apresentado no final do mês pelo Governo. Esta moção, apresentada pelo secretário-geral do partido Fausto Bertinotti, foi aprovada por 188 votos a favor.
A moção manifesta
«desconfiança em relação à política económica e social do
Governo» e reflecte «um juizo negativo» sobre o orçamento
para 1999, adiantado que os deputados irão «votar contra este
projecto de lei e retirar a sua confiança ao Governo».
Oliviero Diliberto, líder parlamentar da formação, já
assegurou que todos os deputados comunistas irão votar contra o
orçamento.
Uma outra proposta apresentada pelo presidente da Refundação
Comunista, Armando Cossuta, que defendia o apoio ao executivo de
Romano Prodi, recebeu 112 votos. Esta divisão no seio do partido
levou à demissão de Cossuta.
Face a esta perspectiva, o Governo corre o sério risco de ver o
seu plano orçamental chumbado no Parlamento. Os analistas
políticos apontam para duas possibilidades: a convocação de
eleições antecipadas - proposta rejeitada por todas as forças,
à excepção do partido de direita de Silvio Berlusconi -, ou a
demissão de Prodi e a formação de um executivo técnico.
Esse eventual
Governo funcionaria durante seis meses, até à eleição para a
Presidencia da República, período em que a Constituição
proíbe a dissolução do Parlamento. Carlos Azeglio Ciampi,
actual ministro do Tesouro e da Economia, é referido como o
possível líder desse executivo.
Uma terceira hipótese, a aliança do Governo com forças de
centro, foi repetidamente rejeitada pelo primeiro-ministro.
Refira-se que em Outubro do ano passado, a Refundação Comunista
aprovou o Orçamento de Estado para 1998, depois de Prodi ter
prometido a aprovação de um projecto de lei de redução do
horário de trabalho semanal de 40 para 35 horas.