Greve geral no Equador


Os equatorianos estiveram em greve na sexta-feira passada para protestar contra as medidas económicas anunciadas pelo Governo em meados de Setembro.

Organizada por sindicatos e organizações indígenas, a greve geral teve um final violento, registando-se a morte de três pessoas na sequência de confrontos com as autoridades. As Forças Armadas fecharam algumas ruas e iniciaram a patrulha das localidades com tanques e automóveis.

Apesar do protesto, o Presidente do Equador afirmou que avançará com o seu programa de reajuste económico, em que se inclui o aumento do preço do gás de uso doméstico em 500 por cento, a supressão dos subsídios públicos para a electricidade e o gasóleo e a desvalorização da moeda em 15 por cento. Segundo Jamil Mahuad, o seu programa económico foi decidido com «muita valentia e firmeza, mesmo que isso possa significar a perda de popularidade».

A Conferência de Nacionalidades Indígenas (Conaie) suspendeu as suas iniciativas, mas adiantou que se realizará uma nova greve geral no próximo dia 17, caso não seja alcançado nenhum acordo com o executivo. Os líderes indígenas propõem a continuação dos subsídios em vez dos anunciados «abonos de pobreza», a compensação de 15 dólares mensais dirigida aos idosos com escassos recursos económicos e às mães com um filho.

A ministra do Governo, Ana Lucía Armijos, considerou os protestos justos, mas acrescentou que agirá com «mão firme contra quem atente contra a segurança ou os bens públicos ou privados».

Durante a jornada de protesto, Jamil Mahuad estava no EUA, onde procurava atrair investimentos norte-americanos e pedir novos créditos junto a organismos internacionais. O Equador tem um défice de 1400 milhões de dólares.


«Avante!» Nº 1297 - 8.Outubro.1998