PCP/Madeira
Um
Congresso ligado à vida
Depois do Congresso que realizou nos passados dias 4 e 5 de Outubro, a nova DORAM meteu «mãos à obra» e começou já a debater a forma de pôr em prática as importantes orientações ali aprovadas, com vista à criação de condições para uma política que «favoreça um outro desenvolvimento gerador de justiça social».
São seis as áras
temáticas para as quais o V Congresso apontou algumas das
propostas que os comunistas da Madeira se propõem aprofundar,
preparando alternativas políticas para a Região: educação,
exclusão e inclusão social, saúde, sectores económicos,
ambiente e cultura.
De facto, os 80 delegados ao Congresso, que contou com a
presença do Secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, de Rosa
Rabiais, do Secretariado do CC, de vários dirigentes regionais
e, ainda, de alguns convidados especiais - padre Tavares, Segundo
Martinez, do Partido Comunista das Canárias, e José Decq Mota,
coordenador do PCP/Açores, entre outros - discutiram, ao longo
de 30 intervenções, a Resolução Política «Mais Força às
Populações» e o documento intitulado «Novas Políticas, Novo
Desenvolvimento», ambos aprovados por unanimidade.
O V Congresso elegeu também uma nova DORAM - constituída por 23
elementos, o mais novo dos quais de 18 anos - que, na sua
primeira reunião, aprovou por unanimidade a Comissão Executiva
e o Secretariado, tendo escolhido Edgar Silva como coordenador da
actividade do Partido na Madeira. Decisões que apresentou ao
Congresso na última sessão.
Foram dois dias de trabalhos que revelaram uma organização do
Partido muito ligada à vida, aos problemas e à luta das
populações e dos trabalhadores, mas também - como o documento
«Novas Políticas, Novo Desenvolvimento» evidenciou - com
propostas políticas para a Região.
Propostas prioritárias
Estas propostas, a
maioria delas de grande inovação, visam lançar um novo
trabalho político de abertura do Partido à sociedade e
constituem as linhas de acção prioritárias para os comunistas
madeirenses.
Assim, no campo da educação, entre as muitas propostas,
ressalta a da incrementação de «um plano bem sustentado de
melhoria e alargamento do parque escolar dotado de escolas
humanizadas» e a implementação da educação sexual nas
escolas, integrando as vertentes cognitiva, afectiva e relativa
aos valores.
No que respeita à exclusão social, o PCP pretende a sua
erradicação, nomeadamente através de definição de um plano
global de intervenção que dê prioridade absoluta às questões
sociais, aos problemas dos idosos, das crianças, dos sem-abrigo,
das mulheres vítimas de prostituição, de violência e
maus-tratos, de projectos de prevenção da toxicodependência,
do apoio à pessoa com deficiência.
Para uma nova política de habitação, a prioridade vai para a
recuperação e legalização das áreas de origem ilegal,
construção de sete mil casas para atender às situações de
maior carência, construção e dinamização de equipamentos.
Também a redução das diferenças entre grupos sociais no campo
da saúde, é um dos objectivos dos comunistas que, para isso,
propõem a aprovação de um plano de emergência que acabe com
as longas listas de espera e atrasos no atendimento de utentes
nos Centros de Saúde e Unidades Hospitalares, a introdução dos
medicamentos genéricos, a criação do Instituto de Avaliação
da Qualidade dos Serviços de Saúde.
Em relação aos principais sectores económicos da Região -
agricultura, pescas, turismo, actividades artesanais, serviços
-, os comunistas estão preocupados com a política de
destruição do aparelho produtivo e a crescente valorização
das actividades especulativas. E, considerando o emprego como «a
prioridade das prioridades numa nova política económica para a
RAM», apontam para o favorecimento do investimento produtivo
gerador de emprego, acompanhado de uma política de formação e
qualificação profissionais dos trabalhadores.
Na área do ambiente, a atenção dos comunistas vai para a
protecção da qualidade das águas do mar, da floresta e das
zonas verdes, implementação de regras de extracção de
pedreiras e britadeiras, criação de uma rede regional e
municipal de aterros e promoção de uma política de saneamento
básico e, por fim, no que respeita à cultura, a prioridade vai
para a sua democratização e descentralização - apostando-se
em políticas culturais locais - e para o combate ao
analfabetismo.
Unidade na acção
O V Congresso do
PCP/Madeira - cujos trabalhos foram iniciados com a intervenção
de Leonel Nunes e encerrados por Carlos Carvalhas, depois da
intervenção do novo coordenador, Edgar Silva -, tiveram como
nota marcante um ambiente de confiança e determinação na
continuação da luta para dar mais força às populações, a
unidade e a coesão interna do Partido.
Aliás, na sua intervenção, Carlos Carvalhas chamou a atenção
para o «medo» que o Presidente Regioonal da Madeira tem do PCP,
não tanto pela força eleitoral deste Partido, mas pela
mobilização que está a fazer das populações. «O senhorio da
Quinta Vigia», disse, «tem receio que as populações tomem
consciência dos seus direitos e que os exerçam.» E depois de
abordar as lutas em curso para a construção de uma nova
sociedade, garantiu que o PCP irá opor-se firmemente à
alteração que o Governo socialista pretende fazer às leis
laborais.
A regionalização foi outra questão levantada pelo
Secretário-geral do PCP que considerou errado afirmar que a
criação das Regiões no continente irá prejudicar a da
Madeira. A vitória do Sim na Madeira, sublinhou Carlos
Carvalhas, seria não só «uma expressão de solidariedade dos
madeirenses» para com o povo do continente, como «um factor de
coesão nacional.»
Legenda: O V Congresso importantes orientações para reforço da
ligação do PCP às populações e aos trabalhadores.