Agricultura
Um
«panorama desolador»
As Direcções das Organizações Regionais de Bragança e Vila Real do PCP exigiram, no passado dia 7 de Outubro, que o Governo cumpra a resolução aprovada na Assembleia da República, por iniciativa do Grupo Parlamentar do PCP.
A resolução do PCP
visa a adopção de medidas de emergência para minorar os
avultados prejuízos resultantes das adversidades climatéricas
na Região, prejuízos que vão da perda quase total nas
produções de cereja, pêra, maçã e pêssego aos cereais de
sequeiro, olival e vinho, este último com quebras que
ultrapassam os 50 por cento, equivalendo a mais de 8 milhões de
contos.
Excessos de precipitação durante as sementeiras, seguidos de
períodos anormalmente secos, queda de grande parte da azeitona
devido à ocorrência de granizo e chuvas violentas, humidade e
geada tardias, são fenómenos que estão na origem imediata
deste quadro de desastre agrícola mas que, segundo os
comunistas, repete-se devido à ausência de uma política
estrutural que promova a alteração, ordenamento e adequação
dos sistemas culturais às condições edafo-climatéricas.
Entretanto, ao retardar a promulgação da Portaria que
estabelece as produções e os concelhos abrangidos pela
Calamidade Agrícola, o Governo desvaloriza a dramática
situação dos agricultores transmontanos e durienses, excluindo
a possibilidade de candidatura a linhas de crédito por grande
parte dos concelhos do Douro, Chaves e Valpaços e todos os
produtores de centeio, numa região que produz mais de 60 por
cento da produção nacional.
Assim,os comunistas repudiam o carácter discriminatório e
injusto desta Portaria - cuja revogação exigem -, e reclamam do
Ministério da Agricultura medidas de combate ao crescente surto
de brucelose que grassa na região, a alteração da Lei do
Seguro Agrícola, medidas de apoio aos produtores de castanha,
vítimas da proliferação da Doença do Castanheiro, e uma
intervenção que ponha cobro à grave situação dos produtores
do leite, confrontados com a redução do preço do leite, com
base na classificação feita pelos próprios laboratórios das
empresas de recolha.
Setúbal
Também a Direcção
da Organização Regional de Setúbal discutiu a situação
«insustentável» em que se encontra o sector agrícola do
distrito, por força da «inoperância do Governo».
Segundo os comunistas, as estruturas de apoio à produção -
empresas transformadoras de tomate e secagem, armazenagem e
comercialização de arroz e milho - são cada vez mais
reduzidas; o seguro de colheita não contempla as secas fora de
tempo, as geadas tardias e as chuvas prolongadas; a cobertura
sanitária do distrito é deficiente; falta firmeza ao Governo
junto da UE para defender as produções de leite, cereais, vinho
e criação de gado de abate; não existe uma resposta
convincente sobre as medidas de combate à B.S.E..
Uma situação que contrasta com a que existia quando da reforma
Agrária, em que as terras «foram fonte de elevada produção
agro-pecuária, de trabalho e de bem estar para centenas de
famílias de trabalhadores».
Enfim, um panorama desolador que, entre outras medidas, exige uma
política que apoie as cooperativas agrícolas e as adegas
cooperativas; apoie a produção, nomeadamente através da
fixação atempada de preços mínimos para a produção
hortícola, frutícola e cerealífera; impeça a entrada no
mercado de produtos sem qualidade; implemente um seguro de
colheita que defenda de facto a produção; crie um Centro
Tecnológico na Península de Setúbal, em defesa de produtos
como o queijo de Azeitão, do vinho de Moscatel, da maçã
riscadinha e da cebola de Alcochete; defenda e incentive os
regadios; proceda ao ordenamento das áreas agrícolas e a
medidas de protecção dos solos.